Deslocados em três distritos de Cabo Delgado sobem para mais de cinco mil

Dados foram emitidos pela Organização Internacional para as Migrações.

17 de setembro de 2025 às 09:13
Cabo Delgado Foto: ALFREDO ZUNIGA/Getty Images
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O total de deslocados pelos recentes ataques de grupos terroristas no norte de Moçambique subiu para 5.770, nos últimos dias, em três distritos de Cabo Delgado, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com um relatório do terreno da OIM, com dados até 15 de setembro, esta "escalada" de ataques e "aumento de medo e violência" registou-se entre 25 de agosto e 11 de setembro nos distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia e Montepuez.

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Acrescenta que esta nova onda de insegurança levou ao "deslocamento de aproximadamente 5.770 pessoas", equivalente a 1.471 famílias, incluindo 3.271 pessoas de Mocímboa da Praia, 2.230 que "fugiram de várias localidades no distrito de Muidumbe" e 269 do distrito de Montepuez.

Em quatro dias trata-se de um aumento de 1.500 deslocados, tendo em conta dados do balanço anterior.

Do total de deslocados atual, 2.601 são crianças, 235 idosos e 131 grávidas, segundo o mesmo relatório.

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Assistência alimentar, abrigo, itens não alimentares e serviços de proteção estão entre "as necessidades mais urgentes", refere a OIM, acrescentando que 1.462 pessoas refugiaram-se em Mueda, entre outros destinos.

No final de julho, ataques de grupos terroristas no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, segundo relatório anterior da OIM.

A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.

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Pelo menos seis pessoas foram mortas e campos agrícolas saqueados durante um ataque de supostos terroristas, no distrito de Muidumbe, em 06 de setembro.

O Governo moçambicano lamentou na semana passada os mais recentes ataques terroristas em Cabo Delgado, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha "menos sofrimento possível".

"Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central", disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros, após mais uma sessão do órgão, em Maputo.

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Numa menção ao ataque ocorrido em Mocímboa da Praia, em que foram mortas quatro pessoas em 07 de setembro, assegurou que as Forças de Defesa e Segurança "estão em campo e no terreno", sob coordenação dos ministros da Defesa e do Interior, a quem atribuiu a responsabilidade de dar informações sobre o ponto de situação naquela região.

Referiu ainda que é papel do Estado travar a "onda de malfeitores" em Cabo Delgado para que não se registem novos ataques e não se ponha em causa a "tranquilidade dos moçambicanos em qualquer parte do país".

Pelo menos quatro pessoas foram mortas e uma viatura incendiada após supostos terroristas entrarem a disparar na vila sede de Mocímboa da Praia, disseram à Lusa, fontes locais.

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O administrador distrital confirmou as quatro mortes, referindo que já foi restabelecida a ordem naquela região, com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas a perseguir os supostos terroristas que atacaram a vila.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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