Detenção de ativistas abre guerra política em Portugal
Bloco de Esquerda acusa Governo de "silêncio ensurdecedor" sobre a situação dos quatro portugueses detidos por Israel.
O ataque israelita contra a flotilha humanitária para Gaza abriu uma guerra política em Portugal, com o Bloco de Esquerda a acusar o Governo de manter um “silêncio ensurdecedor” sobre a situação da sua coordenadora, Mariana Mortágua, e dos outros três portugueses que seguiam a bordo das embarcações e que foram detidos por Israel.
Segundo o dirigente bloquista Fabian Figueiredo, o partido pediu por duas vezes uma reunião ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para apurar informações sobre os detidos e para saber o que o Governo estava a fazer para garantir a sua libertação e regresso a Portugal, mas não teve qualquer resposta. “Nenhuma informação relevante nos foi comunicada por parte do Governo. Foi pelo Presidente da República que soubemos que os quatro portugueses se encontram em terra, num porto israelita, e que existe a possibilidade, ainda não confirmada, de serem visitados pela embaixadora portuguesa em Israel”, indicou Fabian Figueiredo à saída de uma audiência com o Presidente da República, a quem agradeceu a disponibilidade para prestar informações sobre os portugueses “ilegalmente detidos pelas forças israelitas”. “Há uma grande ansiedade de toda a gente, dos amigos, dos vizinhos, dos familiares dos detidos”, disse o dirigente do BE, lembrando que vários países europeus chamaram os embaixadores de Israel para pedirem esclarecimentos, “estranhando” que o Governo português não tenha feito o mesmo.
Já depois destas declarações, o primeiro-ministro Luís Montenegro, que se encontrava em Copenhaga, na Dinamarca, a participar na reunião da Comunidade Política Europeia, disse que o Governo ainda estava a tentar confirmar se todos os portugueses faziam parte do primeiro grupo que foi transferido para terra. “Não sei dizer especificamente o local, sei que estão num porto”, avançou, evitando usar a palavras “detidos” e optando por dizer que se encontram“sob custódia das autoridades israelitas”.
Além de Mariana Mortágua, foram detidos no assalto das forças israelitas à flotilha GlobalSumud, na quarta-feira à noite, a atriz Sofia Aparício, o ativista Miguel Duarte e um quatro português cuja presença a bordo era desconhecida até agora, e que foi identificado pelo MNE como Diogo Chaves. Os quatro portugueses, juntamente com mais de 400 outros ativistas que seguiam a bordo das cerca de 50 embarcações da flotilha, terão sido transferidos para o porto de Ashdod, a norte de Gaza, de onde foram levados para um centro de detenção especial. Deverão agora decidir se aceitam a expulsão voluntária imediata ou se querem ser presentes a um tribunal israelita para contestar a medida.
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