Dezenas de milhares de pessoas em fuga após ataques terroristas no norte de Moçambique

Ofensiva sobre Palma agravou a situação trágica que mantém 700 mil refugiados ameaçados pela fome e pela doença.

31 de março de 2021 às 08:29
Imagem 31055952.JPG (9362266) (Milenium) Foto: Lusa
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O ataque de radicais islâmicos iniciado na passada quarta-feira em Palma agravou uma situação de verdadeira tragédia na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Agências humanitárias da ONU falam de mais de 700 mil deslocados, cerca de metade crianças, a viver em situação de fome. Durante dias seguidos a sobrevivência é garantida somente pela ingestão de plantas e bagas silvestres.

“É uma verdadeira catástrofe humanitária”, afirmou Lola Castro, diretora regional do Programa Alimentar Mundial (PAM), adiantando que “as pessoas fugiram em todas as direções” ante o avanço sobre Palma de um grupo radical islâmico ligado ao Daesh.

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Milhares de pessoas fugiram para o mato ou refugiaram-se junto às estruturas de prospeção de gás em Afungi. “Há também pessoas em fuga para a Tanzânia, para Pemba, via barco, e para oeste, para os distritos de Mueda e Montepuez”, refere o gabinete da ONU para assuntos humanitários (OCHA).

O apoio às populações é dificultado pelos combates que alastram a uma zona cada vez mais vasta de Cabo Delgado e pela falta de meios das agências humanitárias. Desde que, em dezembro, a ONU pediu ajuda para Cabo Delgado, os doadores só deram 10% dos 216 milhões de euros solicitados. E com o ataque a Palma as necessidades são agora muito superiores. Além de alimentos básicos como arroz, milho ou feijão, faltam também roupas, abrigos e medicamentos.

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Não há números rigorosos, mas o ataque a Palma fez dezenas de mortos. Os próprios rebeldes afirmam ter matado 55 pessoas, sete delas na emboscada de sexta-feira a uma caravana de veículos com trabalhadores estrangeiros. Lionel Dyck, que coopera com o governo de Moçambique, conta que os helicópteros da sua firma foram alvejados quando tentavam salvar vítimas da emboscada.

PORMENORES

Militares lusos

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Deverão chegar a Moçambique na primeira quinzena de abril os primeiros elementos de um contingente português de 60 militares das Forças Especiais que vai dar formação às tropas moçambicanas. O MNE português confirmou que o objetivo é "formar fuzileiros e comandos".

Portugueses a salvo

Os trabalhadores da empresa portuguesa Construções Gabriel Couto, envolvida em duas empreitadas no projeto da Total em Palma, "estão todos a salvo e já foram retirados de barco" da região, disse ontem à Lusa fonte da empresa.

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