Dilma: processo de destituição a "toque de caixa"

Maioria dos cidadãos quer afastamento da presidente.

dilma rousseff, brasil Foto: Nacho Doce / Reuters
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O processo para destituição da presidente Dilma Rousseff instaurado na Cãmara dos Deputados ano passado mas que ficou parado até quarta-feira, quando o Supremo Tribunal confirmou as regras de tramitação, vai ser conduzido a partir de agora em alta velocidade, verdadeiramente a "toque de caixa". Isto é o que pretende e já começou a fazer o presidente do parlamento, Eduardo Cunha, adversário da presidente, curiosamente sem oposição ou grande alarido, até com apoio, dos aliados dela.

Logo no dia após a definição das regras, quinta, Eduardo Cunha determinou a escolha pelos partidos dos 65 deputados que formam a comissão de análise do pedido feito pela oposição e deu-lhes posse nesse mesmo dia. A pressa é tanta que o chefe do parlamento, ainda na noite de quinta, quando a presidente já tinha ido para o Palácio da Alvorada, a residência oficial, mandou entregar a Dilma a notificação da abertura do processo.

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A partir da notificação, Dilma tem 10 sessões do parlamento para apresentar a sua defesa, o que, numa situação normal, lhe daria um prazo de quase um mês, pois geralmente o Congresso só faz sessões às terças, quartas e quintas. Mas, contra o que é hábito, Cunha apelou aos aliados para adiarem a ida para os seus estados de origem, que costuma ocorrer nas noites de quinta ou nas manhãs de sexta, conseguiu reunir o quorum mínimo exigido por lei de 51 deputados presentes e realizou uma sessão na própria sexta e, no mesmo ritmo alucinante, marcou outra para esta segunda, igualmente inusitada.

Apesar de, com essas sessões inesperadas em dias não habituais Dilma ter drásticamente reduzido o prazo para se defender, nem o Partido dos Trabalhadores, a que ela pertence, nem nenhum aliado fez alguma coisa para impedir, tendo havido apenas alguns protestos tímidos e nada convincentes.É que a pressa na conclusão do processo é comum tanto ao governo quanto à oposição, os oposicionistas porque querem tirar Dilma da presidência o mais depressa possível, e os aliados dela porque, acreditando ainda terem votos suficientes para derrubar o processo, querem que tudo seja votado e acabe logo, antes que o desgaste da chefe de Estado aumente e mais parlamentares da sua base passem para a oposição ou fiquem neutros.

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Maioria quer destituição

Se os deputados ainda se dividem no parlamento, onde nenhuma das partes tem uma maioria clara, os cidadãos comuns já escolheram o lado em que estão. Uma sondagem realizada dias 17 e 18, quinta e sexta, em todas as regiões do Brasil, apontou uma esmagadora maioria de cidadãos a favor da destituição da presidente.

Segundo o levantamento divulgado neste fim de semana, 68% dos inquiridos disseram querer o afastamento de Dilma, contra apenas 27% que são contra, enquanto 3% se dizem indiferentes e 2% não quiseram ou não souberam responder. No levantamento realizado apenas um mês antes, em Fevereiro, os que defendiam a destituição de Dilma Rousseff eram 60% e os que queriam a sua manutenção no cargo eram 33%.

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