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Lula comandava corrupção e Dilma fingia não ver

Afirmação é do senador Delcídio do Amaral.

20 de março de 2016 às 13:22

Em entrevista publicada na edição deste fim de semana da revista brasileira "Veja", o senador Delcídio do Amaral, líder do governo de Dilma Rousseff no Senado até Novembro, acusou o ex-presidente Lula da Silva de comandar pessoalmente o esquema de corrupção descoberto na Petrobrás. Na entrevista, Delcídio, que também é investigado pela fraude mas fez acordo de colaboração com a justiça, adianta que a presidente Dilma Rousseff sabia de tudo desde o início e se beneficiou com os desvios mas fingia não ver nada.

"O Lula negociou directamente com as bancadas (dos partidos aliados) as indicações para as directorias da Petrobrás e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das directorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas", afirma o senador, que ficou quatro meses preso mas foi libertado após a assinatura do acordo de cooperação com a justiça, acrescentando, agora envolvendo a actual presidente da República: "Dilma também sabia de tudo e beneficiou-se com o financiamento das suas campanhas. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso."

A entrevista de Delcídio Amaral segue-se ao depoimento explosivo que ele deu aos investigadores da "Operação Lava Jato", que apuram o desvio de pelo menos 10 mil milhões de euros da petrolífera brasileira, descobertos em Março de 2014, e que esta semana o Supremo Tribunal Federal tornou público. Também segundo a Polícia Federal e o Ministério Público, há fortes indícios de que o ex-presidente Lula da Silva, além de ter campanhas eleitorais financiadas pela fraude, enriqueceu com parte do dinheiro desviado, suspeitas que estão a ser alvo de investigações mais detalhadas.

Escutas feitas com autorização da justiça em telefones usados por Lula e que foram divulgadas quinta-feira e incendiaram o clima político brasileiro, fica claro que a nomeação do antigo governante para o cargo de ministro da Casa Civil foi uma manobra da presidente Dilma Rousseff para o blindar, ao menos parcialmente. Como ministro, Lula só pode ser investigado e preso por ordem do Supremo, e não pelo juíz Sérgio Moro, que comanda a "Operação Lava Jato" e no passado dia 4 já fez a Polícia Federal levar o ex-presidente à força para depor.

A manobra, até agora, não deu certo. Menos de duas horas depois da tomada de posse de Lula, no final da manhã de quinta-feira, decisões de juízes de várias partes do Brasil suspenderam o acto, e no final da noite desta sexta o juíz Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, além de confirmar a anulação da posse do antigo chefe de Estado mandou devolver ao juíz Sérgio Moro os processos contra Lula.

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