Fábio e Alexandre vivem em São Paulo e falam sobre a crise.
O Brasil vive dias de enorme sobressalto. Uma onda de indignação tem tomado conta de grande parte da população brasileira. A contestação à presidência de Dilma Rousseff aumentou de tom e a nomeação do antigo presidente Lula da Silva como ministro da Casa Civil, poucos depois de o
Ministério Público de São Paulo ter pedido a sua prisão preventiva no âmbito da investigação ao caso Lava Jato,
parece ter sido a estocada final na paciência dos brasileiros.
no Bairro Bela Vista, a dois quarteirões da
Avenida Paulista, bem no coração de São Paulo, Fábio Matos Cruz tem acompanhado de perto a realidade no país e revela que o clima de tensão tem aumentado nas últimas semanas.
Nunca vi o país tão dividido politicamente como nestas últimas semanas. Sinto que o Brasil está num limbo político e social e que pode explodir a qualquer momento. Apesar de altamente comprometedoras, as gravações que o juiz Sérgio Moro divulgou ajudaram a aumentar, ainda mais, esse clima de tensão. O governo está cercado, não tem mais por onde escapar e adiar a saída da presidente Dilma só vai piorar a situação", aponta o analista comercial, acrescentando que não encontra uma luz de esperança no fundo do túnel.
"Chegámos a um ponto de não retorno: a renúncia da Dilma é a única solução. Coloca-se, porém, uma questão: e o dia seguinte?", questiona o lisboeta de 27 anos, que vai regressar a Portugal nas próximas semanas.
Com fortes ligações a Portugal, Alexandre Veloso, 29 anos, nasceu no Brasil mas durante nove anos viveu em Lisboa. Porém, depois de
ter concluído a licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura, variante em jornalismo, na Universidade Lusófona, decidiu regressar ao Brasil. A residir no bairro de Santana, na zona norte da Metrópole paulista, relata o dia-a-dia da população."A nível social, a coisa está feia"
A nível social, a coisa está feia. O que se vê é uma radicalização política enorme. Uma sociedade completamente dividida. Há um profundo descontrolo nos dois lados. Não há espaço para a divergência. Nesta semana, um miúdo que estava na Avenida Paulista e que se insurgiu a favor do Partido dos Trabalhadores (PT) foi agredido", comenta o jornalista, comparando o país a Portugal na década de 70.
"Como analogia, o clima é parecido com o que Portugal viveu em 1975, durante o PREC. Radicalização política extrema. Sociedade virtualmente dividida. E um ambiente irrespirável, com cheiro de pré-guerra civil", aponta.
A cumprir o segundo mandato no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff tem estado no olho do furacão. Os dias de graça da chefe do executivo brasileiro fazem parte do passado, explica.
"A nível político, o governo hoje está mais isolado do que nunca. Parece estar num estado terminal. O país não tem agenda. É um governo paralisado, que só tem dois objetivos: proteger e defender Lula e salvar-se do impeachment [n.d.r.processo que poderá levar ao fim do mandato do Governo]. A chamada base aliada está a cair. O PMDB antecipou a decisão da direção nacional de 12 de abril para dia 28 de março. Provavelmente irá abandonar o governo, o que será o tiro de misericórdia", sublinha.
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