"Estamos perante a mais destrutiva corrida às armas da História", avisa Zelensky na ONU
Presidente ucraniano avisa que é preciso travar Putin antes que seja tarde demais.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta quarta-feira na Assembleia Geral da ONU que a invasão russa da Ucrânia deu origem à “mais destrutiva corrida às armas da História” e avisou que é presidente travar Putin antes que a mistura explosiva da mais recente tecnologia de drones com a evolução da inteligência artificial dê origem a uma catástrofe global.
“Os factos são simples:travar esta guerra agora, e com ela esta corrida global às armas, é mais barato do que construir jardins de infância subterrâneos ou bunkers gigantes para proteger infraestruturas vitais mais tarde”, avisou Zelensky, que traçou um retrato sombrio da forma como a Rússia está a usar a tecnologia para mudar o rosto da guerra. “Há dez anos, a guerra era muito diferente e ninguém podia imaginar que drones baratos poderiam criar ‘zonas de morte’ que se estendem por dezenas de quilómetros onde nada se pode movimentar, não há veículos, não há vida. Essa é agora a nossa realidade, e ainda nem sequer entrou em ação a inteligência artificial”, afirmou, alertando que “por cada ano que esta guerra continua, os armamentos tornam-se mais mortíferos” e que a tecnologia de guerra “não quer saber de fronteiras”, como o demonstram os recentes incidentes com drones que obrigaram a encerrar aeroportos na Dinamarca e na Noruega. “Nós avisámos a Europa sobre as intenções da Rússia e agora há drones russos a sobrevoar a Europa. Ninguém está imune”, avisou.
Zelensky caucionou ainda que, no mundo atual, “as únicas garantias de segurança de um país são os amigos e as armas, não as leis internacionais ou as resoluções da ONU”. “A segurança nacional não pode ser um privilégio de alguns países, mas antes um direito de todos”, defendeu.
O presidente da Ucrânia concluiu o seu discurso com um apelo aos países que continuam a ajudar o esforço de guerra russo: “A guerra já atingiu demasiadas pessoas para continuarem a fingir que não tem nada a ver convosco. Depende de vocês ajudar a paz ou continuar a ajudar a Rússia a financiar esta guerra”.
Báltico avião de ministra espanhola ‘atacado’
Um avião da Força Aérea espanhola que transportava a ministra da Defesa, Margarida Robles, para uma visita oficial à Lituânia, foi esta quarta-feiraalvo de interferência eletrónica quando sobrevoava o enclave russo de Kaliningrado. No início do mês, o mesmo já tinha acontecido com um avião que transportava a líder da UE, Ursula von der Leyen.
Pedido Lituânia quer abater caças russos
A ministra da Defesa da Lituânia pediu formalmente à homóloga espanhola que os caças Eurofighter espanhóis estacionados no país possam atuar para derrubar os aviões russos que violem o espaço aéreo lituano. “É preciso passar de uma missão de vigilância aérea para uma de defesa aérea”, defendeu Dovile Sakaliene.
Rússia minimiza mudança de posição de Trump
O Kremlin minimizou ontem a inesperada mudança de posição de Donald Trump sobre a possibilidade de a Ucrânia recuperar todos os territórios ocupados pela Rússia, sugerindo que os comentários do Presidente dos EUA foram influenciados pelo encontro que tinha acabado de manter com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à margem da Assembleia Geral da ONU. “O Presidente Trump tinha acabado de ouvir a versão de Zelensky e parece que foi por isso que fez os comentários que fez”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, rejeitando ainda a afirmação de Trump de que a Rússia é um “tigre de papel” por ter permitido que um conflito “que deveria ter durado menos de uma semana” se arrastasse por mais de três anos. “A Rússia não é um tigre de papel, costuma ser mais associada a um urso. Ursos de papel não existem, a Rússia é um urso de verdade”, garantiu.
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