Ex-missionário denuncia abusos no Quénia
Espanhol diz ter sido vítima de padres e obrigado a andar nu.
"Fui um escravo sexual de depravados disfarçados de bispos." É assim, com uma queixa direta, que começa a carta de um ex-missionário dirigida ao papa Francisco, na qual relata ter sido vítima de abusos por membros da Comunidade Missionária de São Paulo Apóstolo e de Maria Mãe da Igreja.
O caso noticiado pelo jornal ‘El País’ envolve a organização de religiosos e laicos, surgida em Barcelona no séc. XX e que agora se estende por África e América Latina, onde realiza obras de cooperação e desenvolvimento.
A vítima, um espanhol de 36 anos, relata cenas ocorridas durante três anos na missão de Nariokotome, no Quénia, e qualifica a organização de "perfeita engenharia do mal".
"Éramos umas 30 pessoas, e à escravidão no trabalho somava-se a escravidão sexual. Diziam-nos que uma vida sexual ativa é algo que Deus deseja, tal como deseja que andemos nus, pois foi assim que nos criou", escreve na carta em que pede ajuda ao papa.
Segundo o ‘El País’, o caso foi investigado pela Congregação para a Doutrina da Fé em 2006, mas só agora chegou ao conhecimento do papa Francisco.
Criada pelo padre Andreo García, alunos do seminário Casa de Santiago de Barcelona e jovens da burguesia local, a organização foi investigada em 1995 após denúncias de corrupção de menores e violação. O caso acabou por prescrever, mas os denunciados nunca foram ordenados sacerdotes.
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