Falsas ofertas de trabalho levam trabalhadores a entrar em redes de escravatura

Empregos no exterior e salários cativantes são falsas promessas que levam jovens a entrar em redes de escravatura no sudeste asiático.

21 de setembro de 2022 às 17:26
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Yang Weibin é um dos vários trabalhadores que, ao longo dos últimos meses, foram vítimas de tráfico de seres humanos no sudeste da Ásia. Garantias de trabalho no exterior, bons salários e oportunidade de viver em hotéis de luxo são algumas das promessas feitas às vítimas. Os jovens são os principais alvos desta armadilha e estes são enviados para redes de escravatura no Camboja, Mianmar e Tailândia. Depois de se tornarem prisioneiros, são forçados a trabalhar em centros de fraude online. Os governos da Indonésia, Vietname, Taiwan, Malásia e Hong Kong - principais destinatários desta fraude - alertam sobre a situação.

Weibin não imaginou o que viria a acontecer quando se candidatou a uma oferta de trabalho promissora no Camboja. Com 35 anos e proveniente de Taiwan, o jovem ambicionava melhorar as condições de vida, uma vez que o salário que recebia como massagista não era suficiente para apoiar a família.

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Algumas semanas depois de ter visto a oferta de emprego, Yang Weibin viajou para a capital do Camboja, Phnom Penh, onde foi recebido por vários homens que posteriormente o encaminharam para um edifício localizado numa estrada deserta. Segundo a vítima, o suposto "hotel" em nada era semelhante às imagens que lhe tinham sido enviadas pelo chefe de recrutamento.

Weibin só começou a ter perceção de que estava numa situação perigosa quando lhe foi retirado o passaporte e lhe foi comunicado que a sua nova casa era um mero quarto vazio. Adicionalmente, foi dito à vítima que não estava autorizada a abandonar o edifício.

Um flagelo

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O tráfico humano tem sido uma realidade que se tem perpetuado no sudeste asiático e os especialistas afirmam que as redes se têm expandido e procurado perfis de vítimas diferentes, sendo que atualmente os principais alvos são os adolescentes, devido ao nível de educação mais elevado, à literacia computacional e à capacidade de falarem mais do que um idioma.

As vítimas que se manifestam em relação ao que é estabelecido pela rede podem ser agredidas, eletrocutadas e vendidas a centros de fraudes. Contudo, as pessoas burladas podem pagar o resgate àqueles centros que assume, geralmente, um valor elevado. Se não o fizerem, correm o risco de serem vendidas a outros centros. Tentar fugir é a última opção daqueles que não têm capacidade de pagar a dívida.

Os esquemas de fraude online são um problema antigo e há uns anos eram os trabalhadores chineses que estavam na mira das redes de escravatura. Contudo, o aparecimento do pandemia do Covid-19 mudou tudo, uma vez que as restrições nas viagens da China e os sucessivos bloqueios fizeram com que os traficantes começassem a recrutar vítimas noutros países.

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São vários os grupos de voluntários que têm sido criados, em vários zonas do mundo, para ajudar as vítimas a escaparem dos centros de fraude e voltarem para casa. Muitos dos voluntários são antigas prisioneiros, como é o caso de Yang Weibin, que depois de ter passado quase 60 dias em cativeiro no Camboja, conseguiu rastejar para fora do edifício quando os guardas que o cercavam não estavam atentos. Com o apoio de ativistas, Weibin conseguiu regressar a casa e está de volta ao antigo emprego como massagista.

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