Federação Internacional de Jornalistas denuncia dois anos de assassínios por Israel

Organização quantificou em 223 os jornalistas e trabalhadores de meios de comunicação mortos em Gaza, denunciando "o período mais mortífero da história" da profissão.

07 de outubro de 2025 às 19:57
Jornalistas atacados em Israel Foto: AP Photo/Jehad Alshrafi
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A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) denunciou esta terça-feira dois anos de "assassínios de jornalistas" pelos militares de Israel no quadro da ofensiva na Faixa de Gaza.

A organização quantificou em 223 os jornalistas e trabalhadores de meios de comunicação mortos em Gaza, denunciando "o período mais mortífero da história do jornalismo" e acusando os israelitas de quererem "controlar a narrativa" no enclave palestiniano.

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"O governo israelita continua a atacar sistematicamente os jornalistas, prática que se intensificou perante o fracasso da comunidade internacional, que não conseguiu castigar o governo de Benjamin Netanyahu.

A FIP pede urgentemente a todos os Estados, à ONU e à comunidade internacional para tomem medidas imediatas e concretas para parar as violações de Israel na Faixa de Gaza", como indicou em comunicado.

Aquelas incluem "o assassínio deliberado de jornalistas".

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A FIP "exige também ao governo israelita que acabe com a proibição de acesso a Gaza imposta aos jornalistas estrangeiros e independentes".

Sobre os assassínios, especificou que "foram feitos com total impunidade" e lamentou que alguns dos jornalistas assassinados tenham sido "claramente ligados ao Hamas" por parte do porta-voz militar israelita, Avicahi Adrai, como no caso de Anas al Sharif, um proeminente jornalista da Al Jazzera.

"Infelizmente, matar jornalistas palestinianos não é novo. O que é novo é a forma com que Israel se mostra aberto a reconhecer estes atos. Desde o início da guerra, o exército de Israel tem procurado desprestigiá-los com acusações sem provas e baseadas em alegados laços com o terrorismo. Esta é uma estratégia indigna, que os converte em alvos legítimos, segundo esta narrativa israelita", criticou Anthony Bellanger, o secretário-geral da FIP.

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Por seu lado, o Sindicato de Jornalistas Palestinianos (SPP), filiado na FIP, identificou uma "clara tendência de atacar diretamente os jornalistas, em vez de os deter".

Garantiu ainda que "entre as organizações internacionais de defesa dos Direitos Humanos e da liberdade de expressão, (...) existe consenso em que o governo israelita tem estado a cometer crimes de guerra pelos seus ataques regulares contra os jornalistas".

Desde o início da guerra, recordou, o governo israelita utiliza todos as possibilidades ao seu alcance para controlar a narrativa: desde censurar os meios críticos até impedir a entrada de jornalistas estrangeiros", declarou. "Isto inclui também atacá-los", acrescentou.

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"Agora que o primeiro-ministro israelita está a prometer recolonizar Gaza, controlar a narrativa é crucial, tal como o controlo do território. Colonizar também requer eliminar as ruínas, os mortos e os sobreviventes, bem como as suas histórias", detalhou.

"O governo israelita passou todas e cada uma das linhas vermelhas para controlar a narrativa e encobrir violações dos Direitos Humanos na Palestina. Como jornalistas, e sobretudo como humanos, não podemos aceitar que os jornalistas sejam assassinados com indiferença, tanto em Gaza como em qualquer parte do mundo", especificou.

"Matar os jornalistas é matar a verdade e nós queremos a verdade. Continuaremos a trabalhar sem descanso para que os responsáveis destes crimes contra os jornalistas sejam levados à justiça", prometeu Bellanger.

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