Governo de Cabo Verde fala sobre situação na Guiné-Bissau e condena "qualquer tomada do poder pela força"
Militares anunciaram a tomada do poder na Guiné-Bissau, após um tiroteio que durou cerca de meia hora.
O Governo de Cabo Verde condenou esta quarta-feira "qualquer tomada do poder pela força" num comunicado acerca dos últimos acontecimentos na vizinha Guiné-Bissau.
"O Governo de Cabo Verde condena, com veemência, qualquer tomada do poder pela força, mormente num país irmão pertencente à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e à sub-região da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)", lê-se no comunicado.
O executivo do arquipélago recorda que, "nos últimos anos, infelizmente, [a CEDEAO] tem sido palco de subversão e usurpação do poder pela força das armas, chegando a um terço dos seus membros".
O Governo de Cabo Verde "apela aos envolvidos que se abstenham de qualquer ato de violência e intimidação e que a ordem constitucional seja rapidamente restabelecida, incluindo a conclusão do processo eleitoral".
No mesmo comunicado, informa-se que o executivo está "a seguir com atenção a situação da comunidade cabo-verdiana através da embaixada na Guiné-Bissau", reiterando um "firme compromisso com os princípios e valores de um Estado de direito democrático e uma forma pacífica e democrática de ascensão ao poder político".
Num comunicado lido esta quarta-feira à tarde na televisão estatal, militares anunciaram a tomada do poder na Guiné-Bissau, após um tiroteio que durou cerca de meia hora.
O autodenominado Alto Comando Militar informou que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".
Informa ainda que estão suspensas "as atividades de todos os órgãos de comunicação social", assim como decidiu "suspender imediatamente o processo eleitoral em curso".
Os guineenses votaram no domingo em eleições gerais, presidenciais e legislativas, tendo sido anunciada para quinta-feira a divulgação dos resultados, com o candidato da oposição Fernando Dias a reclamar vitória na primeira volta contra o atual Presidente, que concorreu a um segundo mandato.
Os militares disseram reagir "à descoberta de um plano em curso de destabilização do país", atribuído a "alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros".
O plano consistiria ainda na "tentativa de manipulação dos resultados" das eleições gerais de domingo.
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