Greve e protestos em Itália por interceção de flotilha por Gaza
Praças das principais cidades encheram-se durante greve nacional convocada por vários sindicatos, que decorreu entre protestos, bloqueios rodoviários e perturbações no tráfego.
Centenas de milhares de pessoas manifestaram-se esta sexta-feira em Itália em apoio à flotilha humanitária para Gaza, com relatos de confrontos em Milão e Bolonha, e a ocupação do aeroporto de Pisa, noticiaram as agências internacionais.
As praças das principais cidades encheram-se durante uma greve nacional convocada por vários sindicatos, que decorreu entre protestos, bloqueios rodoviários e perturbações no tráfego aéreo e ferroviário.
A ação foi convocada em protesto contra a interceção pelas forças israelitas da Global Sumud Flotilla na quinta-feira, e a consequente detenção dos mais de 400 participantes, incluindo quatro portugueses.
Os manifestantes que participaram na marcha de Pisa (centro) forçaram o cordão policial e invadiram a pista e as plataformas de estacionamento dos aviões do aeroporto Galieo Galilei.
As operações do aeroporto foram suspensas enquanto as autoridades tentavam restaurar a segurança, segundo a agência de notícias italiana ANSA.
Em Florença, os manifestantes escalaram vedações, ocuparam linhas ferroviárias e colocaram materiais de construção sobre os carris.
No norte, cerca de 200 manifestantes recusaram abandonar uma das autoestradas mais movimentadas de acesso à cidade de Bolonha.
A polícia respondeu inicialmente com o lançamento de gás lacrimogéneo e, perante a recusa em dispersar, avançou com cargas contra os manifestantes.
Antes disso, os manifestantes tinham atirado pedras e garrafas contra os agentes, segundo mostraram os meios de comunicação locais.
Após a intervenção policial, os protestos intensificaram-se com gritos de "Vergonha, vergonha!" e "Palestina livre", enquanto os participantes se confrontavam com os agentes e continuavam a bloquear a via.
Em Milão, viveu-se uma cena semelhante, noticiou a agência espanhola EFE.
Durante a marcha na cidade, manifestantes lançaram pedras e garrafas contra as forças da ordem, que responderam também com gás lacrimogéneo.
No porto de Livorno, também no norte, ativistas e estivadores bloquearam o tráfego comercial e o acesso dos passageiros de ferries.
A greve, convocada pelos sindicatos após a ação de Israel contra a flotilha para Gaza, causou várias perturbações nos transportes, ainda que tenha sido garantido um serviço mínimo, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"As praças vão estar cheias", advertiu de manhã o secretário-geral da CGIL, a maior federação sindical italiana, Maurizio Landini, enquanto o Governo alertou para o risco de um milhão de italianos ficarem retidos nos comboios.
A CGIL anunciou à tarde que a mobilização foi um sucesso, segundo um comunicado citado pela ANSA.
"Mais de dois milhões de pessoas saíram às ruas para participar nas marchas realizadas em mais de 100 cidades italianas, no âmbito da greve geral nacional, em defesa da flotilha, dos valores constitucionais, para travar o genocídio e em apoio ao povo de Gaza", afirmou.
"Só na capital desfilaram 300 mil pessoas", disse a central sindical, que também adiantou uma adesão nacional à greve geral a rondar os 60%.
O Governo não divulgou ainda dados sobre a adesão à greve.
A polícia disse que a manifestação em Roma reuniu pelo menos 80.000 pessoas e causou atrasos significativos e supressões de comboios.
A mobilização em apoio aos palestinianos mantém-se forte em Itália, 10 dias depois de outro protesto que levou dezenas de milhares às ruas em várias cidades do país.
Na quinta-feira, já tinham ocorrido protestos em Milão e em Roma contra a interceção da frota humanitária Global Sumud e a detenção dos ativistas.
"Estamos hoje na rua para expressar a nossa discordância", disse à AFP Giordano Fioramonti, estudante do secundário de 19 anos, quando desfilava em Roma com colegas e professores.
"É um dever cívico para nós", disse Fioramonti, com uma bandeira palestiniana e a inscrição "Free Gaza" pintadas no rosto.
Israel expulsou esta sexta-feira quatro deputados e eurodeputados italianos, os primeiros da frota internacional detidos nos últimos dois dias.
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