Índia preocupada com taxas para vistos de trabalho no setor tecnológico impostas pelos EUA
Anúncio junta-se a um arsenal de medidas anti-imigração tomadas pelo Presidente norte-americano e pelo seu Governo.
A principal associação profissional indiana manifestou este sábado "preocupação" em relação ao anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a imposição de uma taxa anual de 100 mil dólares (85,13 mil euros) para vistos de trabalho no setor tecnológico.
O anúncio realizado sexta-feira, entra em vigor no domingo.
Para a Associação Nacional de Empresas de Software e Serviços (Nasscom), esta medida tem consequências significativas para as empresas que fazem parte da associação e que recrutam muitos profissionais na Ásia.
A Nasscom, que é a associação comercial indiana de indústrias de tecnologia da informação (TI) e terceirização de processos de negócios (BPO, na sigla em inglês), também se mostrou preocupada com o anúncio, algo que "cria uma incerteza considerável para as empresas, profissionais e estudantes de todo o mundo".
Em comunicado, a Nasscom acrescentou, ainda, que mudanças de política desta magnitude deveriam ser introduzidas "com períodos de transição adequados, permitindo que as organizações e as pessoas se organizem eficazmente e minimizem as interrupções".
Os vistos H-1B - dos quais três quartos dos candidatos aprovados são cidadãos indianos - permitem que trabalhadores estrangeiros com qualificações específicas (cientistas, engenheiros e programadores informáticos, entre outros) possam trabalhar nos Estados Unidos.
Estes vistos de trabalho têm duração limitada, com um período inicial de três anos, prorrogável por mais três anos, para estrangeiros patrocinados por um empregador.
"A ideia geral é que essas grandes empresas de tecnologia ou de outros setores não formem mais trabalhadores estrangeiros", explicou na sexta-feira o ministro do Comércio Howard Lutnick, ao lado do Presidente norte-americano na Sala Oval.
Se recorrerem a trabalhadores estrangeiros, "têm de pagar 100 mil dólares (85,13 mil euros) ao Governo e, depois, pagar ao seu colaborador, o que não é rentável", prosseguiu.
"Se a empresa quiser formar alguém, vai formar um jovem graduado de uma das grandes universidades do nosso país, formar americanos, e parar de trazer pessoas para ocupar os nossos empregos", concluiu.
O número de pedidos de vistos H-1B nos Estados Unidos progrediu significativamente nos últimos anos, com um pico de aceitações em 2022 sob a presidência do democrata Joe Biden.
Em oposição, o pico de recusa foi registado em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump na Casa Branca.
Em 2024, os Estados Unidos aprovaram cerca de 400.000 vistos H-1B dos quais dois terços eram renovações.
Donald Trump tem manifestado, desde o seu primeiro mandato, a vontade de limitar a imigração para dar prioridade aos trabalhadores americanos.
As grandes empresas de tecnologia empregam um grande número de trabalhadores indianos, que vão para os Estados Unidos ou fazem "idas e voltas" entre os dois países.
Os empresários da tecnologia, incluindo o antigo aliado de Trump, Elon Musk, já alertaram anteriormente contra o ataque aos vistos H-1B, afirmando que os Estados Unidos não têm mão de obra qualificada suficiente no país para as necessidades do setor.
De acordo com uma cópia do decreto assinado por Donald Trump, serão cobradas taxas para aqueles que procurem entrar no país a partir de domingo, podendo, no entanto, a ministra da Segurança Interna, Kristi Noem, isentar pessoas, empresas ou setores inteiros.
Este anúncio junta-se a um arsenal de medidas anti-imigração tomadas pelo Presidente norte-americano e pelo seu Governo, que também está a proceder a expulsões em massa de imigrantes em situação irregular.
Por outro lado, Donald Trump assinou um decreto criando um visto de residência "dourado" de um milhão de dólares (850 mil euros), em referência ao famoso "green card", que permite viver e trabalhar nos Estados Unidos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt