Investigadora portuguesa forma guineenses no uso do instrumento musical sicó
Durante uma semana, os participantes tiveram aulas práticas, ministradas por dois exímios tocadores de sicó de Cacheu.
A investigadora portuguesa Magda Bialoborska lidera um projeto do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa que pesquisa e dá formação aos guineenses sobre instrumentos musicais do país, com enfoque no sicó.
A iniciativa é da ONG guineense Ação para o Desenvolvimento (AD), em parceria com o centro de formação do memorial da escravatura e do tráfico negreiro de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, e enquadra-se na pesquisa sobre os instrumentos musicais da Guiné-Bissau e da África Ocidental.
Sob a coordenação da investigadora portuguesa, dez guineenses terminaram um curso prático de conhecimento e construção do sicó - um dos mais antigos instrumentos musicais do país que é utilizado para dar ritmo às melodias e vozes nas cantigas, mas pouco conhecido pelos jovens.
O sicó assemelha-se a um adufe ou pandeiro.
Durante uma semana, os participantes tiveram aulas práticas, ministradas por dois exímios tocadores de sicó de Cacheu e nessas aulas os formandos conheceram melhor aquele instrumento.
Segundo Magda Bialoborska, "trata-se de uma peça de percussão 'membranofone' (que advêm de uma membrana ou pele de animal esticada), que é usada nas manifestações culturais de todos os grupos étnicos guineenses.
Ainda de acordo com a investigadora portuguesa, a história da musica guineense revela que o sicó começou por ser um instrumento que fazia parte de um conjunto de peças de percussão, para mais tarde se separar das demais, passando a ser um elemento que é tocado a solo.
O ponto alto da utilização do sicó ocorreu durante a luta armada pela independência do país, em que era sempre a peça usada para engrandecer os feitos dos guerrilheiros que combatiam o exercito colonial português.
Atualmente vê-se pouco sicó nas manifestações culturais da Guiné-Bissau. Madga Bialoborska acredita que tudo se deve ao facto de existirem poucas peças construídas e ainda por não haver muitos interessados na arte de construção do instrumento.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt