Jornalista francês condenado a sete anos de prisão na Argélia
França "lamenta profundamente" a pena, confirmada em recurso na Argélia.
Um tribunal de recurso argelino condenou, esta quarta-feira, o jornalista francês Christophe Gleizes a sete anos de prisão por "apologia ao terrorismo", uma sentença condenada pela França e por organizações, que apelam à sua libertação.
A França "lamenta profundamente" a pena, confirmada em recurso na Argélia, e "apela à libertação" do jornalista, reagiu prontamente o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
"Apelamos à sua libertação e esperamos um desfecho favorável para que ele possa rapidamente reunir-se com os seus familiares", acrescentou o porta-voz.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou o que qualifica como uma "decisão absurda" da justiça argelina.
"A RSF condena com a maior firmeza a decisão aberrante do tribunal de recurso de Tizi Ouzou, que optou por manter na prisão um jornalista que apenas fez o seu trabalho", reagiu o diretor-geral da RSF, Thibaut Bruttin.
Também a Federação Francesa de Futebol (FFF) reiterou, esta quarta-feira, o seu "apoio total e solidariedade" ao jornalista e à sua família.
Detido em 2024 e condenado em junho passado, a defesa do jornalista de 36 anos solicitou na audiência desta quarta-feira a sua libertação, enquanto a acusação pediu o aumento da pena para dez anos de prisão.
O jornalista francês entrou na Argélia com um visto de turista, mas com a intenção de fazer uma reportagem, um crime punível pela lei argelina com multa sem prisão e que Gleizes reconheceu, afirmou o seu advogado argelino Bakouri Amirouche em declarações à imprensa.
Gleizes, um apaixonado por futebol e pelo continente africano, planeava fazer uma reportagem sobre a era dourada do clube de futebol local de Cabília, o Juventude Desportiva da Cabília (JSK), durante os anos 1980.
O jornalista também planeava cobrir a cerimónia dos dez anos da morte do jogador camaronês do JSK, Albert Ebossé, após o lançamento de uma pedra atirada desde a bancada por um adepto, e deveria entrevistar o treinador do Mouloudia Club de Argel, Patrice Beaumelle, bem como fazer um perfil do jogador Salah Djebaili.
Dias após a sua chegada a Tizi Ouzou (cerca de 100 quilómetros a leste da capital), as autoridades confiscaram o seu passaporte, acusando-o de glorificar o terrorismo e de possuir publicações com fins propagandísticos prejudiciais aos interesses nacionais argelinos.
As acusações contra Gleizes derivam do facto de ter contactado, em 2015 e 2017, o presidente do clube de futebol, que também é uma figura proeminente do Movimento para a Autonomia da Cabília (MAK), designado pelo Governo argelino como organização terrorista.
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