Sindicato alerta que "há motivos próprios" relacionados com a profissão de jornalista que justificam a adesão ao protesto.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) alertou esta quarta-feira que a revisão laboral vai "fragilizar diretamente" as condições de trabalho no setor, facilitando os despedimentos, aumentando a precariedade e nada fazendo para prevenir os impactos da inteligência artificial.
"Com o 'Trabalho XXI', o Governo desequilibra a balança a favor dos empregadores, deixando os trabalhadores à míngua de direitos", sustenta em comunicado o SJ, que já anunciou a sua adesão à greve geral de 11 dezembro.
Embora considerando que "só isto seria suficiente para fazer recusar este pacote laboral", o sindicato alerta que "há motivos próprios" relacionados com a profissão de jornalista que justificam a adesão ao protesto.
Segundo sustenta, a revisão laboral pretendida pelo Governo "vai fragilizar diretamente as condições de trabalho atuais dos jornalistas sem fazer nada para prevenir, quanto mais mitigar, os impactos da automação e da inteligência artificial".
Ou seja, "sem fazer nada para preparar o jornalismo, e o país, para o futuro".
O pacote laboral "expande a contratação a prazo e dificulta reconhecer falsos recibos verdes", pelo que "a precariedade pode ser a única certeza na vida": "Literalmente, porque a proposta do Governo autoriza a contratação de recibos verdes para sempre, sem nunca obrigar à integração, desde que tenha sido sempre precário", concretiza.
Numa profissão em que já é preciso "trabalhar à noite, aos fins de semana e fazer horas extraordinárias sem a devida ou justa compensação financeira", o SJ alerta que, com a recuperação do banco de horas individual e o aumento da carga horária sem compensação financeira previstos na reforma, "o trabalho vai ficar mais barato e a justiça salarial dificilmente sairá do reino da imaginação".
"A pressão que deixa metade das redações em risco de 'burnout' vai aumentar com uma revisão laboral que dificulta o acesso ao teletrabalho e diminui a conciliação da vida pessoal e familiar, restringe a amamentação e o luto gestacional. Isto, no segundo país mais envelhecido da Europa", adverte ainda o sindicato.
O pacote laboral "facilita os despedimentos, dificulta as reintegrações e permite a contratação de serviços externos para substituir trabalhadores despedidos", o que se traduziria num ainda maior emagrecimento das "já depauperadas redações".
O SJ aponta também os efeitos da revisão laboral ao nível da formação, atualmente já "quase imaginação na comunicação social em Portugal", mas que "vai ser reduzida para metade".
"Aprender a lidar com a inteligência artificial, para que a ferramenta ajude o jornalismo e não mate o jornalista, vai ser pouco mais que do que imaginação", enfatiza.
O sindicato alerta que a proposta do Governo "fragiliza (ainda mais) a contratação coletiva, limita o direito à greve e dificulta as reuniões de trabalhadores e a entrada de sindicatos nos locais de trabalho".
Para além destas razões laborais, que diz não serem todas, o SJ aponta "motivos políticos e editoriais de preocupação com este pacote laboral".
Isto porque "vem de um Governo que faz 'fact checking' ao jornalismo e insiste na criação de uma agência interna para comunicar sem intermediação e evitar o escrutínio, como se fosse dono da verdade".
Vem ainda de um Governo "que ataca o serviço público de rádio e televisão" e "que fragiliza também a agência Lusa, que quer a fazer sinergias com a RTP, pondo em marcha um plano de reestruturação (leia-se, despedimentos), fazendo crer que isso não vai afetar a qualidade do serviço da única agência pública em Portugal, que mantém vivas partes do país votadas ao abandono".
Adicionalmente, vem de um Governo que, "de um plano de 30 pontos para a comunicação social que pouco avançou, ignorou a sugestão do sindicato e, ao arrepio da lei, efetivou um apoio aos órgãos locais e regionais, em ano de eleições autárquicas, sem o vincular ao cumprimento das convenções coletivas ou à obrigatoriedade de empregarem jornalistas".
A CGTP e a UGT convocaram uma greve geral para 11 de dezembro, em resposta à proposta de reforma da legislação laboral apresentada pelo Governo, sendo a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.