Jornalistas hostilizados em cimeira da extrema-direita realizada pelos Bolsonaros no Brasil

Vários jornalistas foram hostilizados este fim de semana durante a cimeira da extrema-direita da América Latina realizada em Balneário Camboriú, cidade no litoral do estado brasileiro de Santa Catarina. Alguns chegaram mesmo a ter de sair do local onde se realizou o encontro, promovido por Jair Bolsonaro e pelo seu filho Eduardo Bolsonaro, para evitarem agressões físicas.

Num dos casos de maior repercussão na imprensa, uma repórter da CNN Brasil, confundida com uma jornalista da TV Globo, foi hostilizada quando começou a fazer imagens e irritou os seguidores do antigo presidente brasileiro. Ela foi cercada por um numeroso grupo de homens em atitudes ameaçadoras e teve de deixar o local sob gritos de "Globolixo" e de "Lula, ladrão, o teu lugar é na prisão".

Num outro momento de tensão enfrentado pelos profissionais da Comunicação Social, um jornalista do jornal Estado de S. Paulo também foi cercado por um grupo de participantes no evento ultraconservador e obrigado a sair. Neste caso, os homens que cercaram e forçaram o repórter a deixar o local da cimeira após ele ter feito uma pergunta que irritou a mulher de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, empurraram o jornalista diversas vezes e deram-lhe palmadas nas costas para o apressar a ir embora, pelo menos duas vezes com tanta força que ele cambaleou e por muito pouco não caiu.

Na cimeira, a que esteve presente o presidente da Argentina, Javier Milei, e representantes de diversos países da América Latina, como Chile, El Salvador e México, os ataques à grande imprensa foram uma das principais tónicas dos discursos. Como o de Jair Bolsonaro, que acusou a imprensa tradicional de estar nas mãos de comunistas e inimigos da liberdade, enaltecendo as redes sociais como as únicas em que os cidadãos que defendem os valores da família e da pátria realmente têm garantida a sua liberdade de expressão.