Jovens torturadas até à morte por traficantes
Primas de 20 anos e adolescente de 15 viveram horrores até serem esquartejadas. Nove pessoas respondem por homicídio.
Nas ruas de Buenos Aires ouvem-se gritos de revolta e exige-se justiça para os autores dos atos selvagens que roubaram a vida a Brenda Castillo, Morena Verri e Lara Gutiérrez, mas será difícil estabelecer uma pena que faça jus à forma bárbara como foram assassinadas. Brenda, de 20 anos, foi esfaqueada no pescoço e agredida no rosto até à morte. Não satisfeitos, ainda lhe abriram o abdómen. Verri, prima de Brenda, também de 20 anos, começou por ser violentamente espancada na cara e acabou estrangulada. Gutiérrez, de 15 anos, morreu vítima de golpes no pescoço, mas antes foi torturada. Cortaram-lhe os cinco dedos de uma mão e deceparam-se uma orelha. O resumo das autópsias, noticiado pelo ’Globo’, não refere quanto tempo durou a crueldade, mas terão sido longos minutos, que para as vítimas pareceram horas. Sabe-se, ainda, que a seguir, Brenda, Verri e Gutiérrez, que trabalhariam como profissionais do sexo, foram esquartejadas e atiradas a um poço, cavado para o efeito, próximo da casa dos horrores.
A execução das jovens foi filmada e transmitida em direto, para um grupo restrito de 45 pessoas, nas redes sociais, segundo o ‘La Nacion’. Foi através desse filme de terror que se descobriu o móbil do crime, levado a cabo por traficantes peruanos. “Isto é o que acontece a quem rouba as minhas drogas”, disse um dos cabecilhas do gang assassino, ligado ao narcotráfico. Brenda, Verri e Gutiérrez terão roubado três quilos de cocaína. Não são raras as notícias que dão conta de traficantes que decidem “dar o exemplo”, na terminologia das autoridades, a quem não paga o que consome, ou fica com o dinheiro da venda.
O mais chocante, neste caso, é a crueldade com que o fizeram, levando a dor ao limite do sofrimento. Sete pessoas foram detidas nos dias seguintes à execução, a 25 de setembro, mas faltava apanhar o mandante. Escutas telefónicas, vigilâncias e envolvimento das secretas argentinas e peruanas, permitiram chegar a Tony Victoriano, um jovem de 20 anos, conhecido do mundo do tráfico e assassinos por encomenda por ‘Pequeno J.’. Foi preso num bairro de pescadores, a 70 quilómetros de Lima, capital do Peru, a dormir no interior de um camião de peixe.
Ozorio, o seu braço-direito, também foi detido na mesma operação. Foi a sua prisão que permitiu apanhar ‘Pequeno J.’. A polícia apreendeu-lhe o telefone e fez-se passar por ele. ‘Pequeno J.’ caiu na armadilha. A justiça argentina procura, agora, a extradição de ‘Pequeno J.’, para que possa ser julgado, juntamente com os restantes arguidos, pelo crime de homicídio qualificado.
Para já, a polícia continua à procura de provas para consolidar a acusação contra os nove suspeitos, que se recusam a colaborar. Uns optaram pelo silêncio, outros negam o envolvimento no crime, como é o caso do ‘Pequeno J.’. “Nós não matamos ninguém. Não tenho nada a ver com isto”, disse, no momento da deteção. O avô de Brenda e Verri também tem dúvidas: “É muito difícil para um rapaz de 20 anos gerir uma rede de traficantes de droga. É possível que haja outros responsáveis”, disse ao La Nacion. Seja ‘Pequeno J.’ ou não, nas ruas continua a revolta e a pedir-se justiça.
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