Lula da Silva fala em cimeira "extremamente bem-sucedida" entre UE e América Latina
Segundo o Presidente brasileiro, Brasília "está a recuperar o prazer de fazer política internacional e o seu papel de protagonista".
O Presidente brasileiro considerou esta quarta-feira que a cimeira entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) foi "extremamente bem-sucedida", por revelar o interesse europeu, e garantiu "abertura do Brasil".
"Foi uma reunião extremamente bem-sucedida e, de todas as reuniões em que participei, foi a mais bem-sucedida", disse Lula da Silva, em entrevista à imprensa internacional em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, no final de dois dias de cimeira UE-CELAC, no início desta semana.
Nesta entrevista, o chefe de Estado brasileiro justificou o sucesso da reunião atendendo às questões atuais: "Possivelmente pela disputa entre os Estados Unidos e a China, possivelmente pelo investimento da China na África e na América Latina, pela nova rota da seda e possivelmente pela guerra" da Ucrânia causada pela invasão russa".
"O facto de fazermos a reunião da CELAC com a participação de quase 60 países demonstrou, de forma inequívoca, o interesse da UE em colocar os seus olhos na América Latina", observou, assegurando que nunca viu "tanto interesse político e económico" dos países europeus.
Segundo o Presidente brasileiro, Brasília "está a recuperar o prazer de fazer política internacional e o seu papel de protagonista".
"Penso que é importante que o Brasil se abra [...] e não vamos deitar fora esta oportunidade", assegurou.
Lula da Silva concluiu estar "feliz por esta reunião", após ter feito 10 reuniões bilaterais e se ter encontrado inclusive com o primeiro-ministro português, António Costa, ainda que sem ser formalmente.
Aquela que foi a primeira cimeira UE-CELAC em oito anos e que juntou em Bruxelas mais de 50 líderes de ambos os blocos regionais foi marcada pelos diferentes pontos de vista sobre a guerra da Ucrânia, nomeadamente da Venezuela, Cuba e Nicarágua, sendo que foi este último país quase bloqueou a declaração final, que reuniu consenso à última hora.
No âmbito da cimeira UE-CELAC, a Comissão Europeia assinou também, em nome dos 27, dois memorandos de entendimentos: um com o Uruguai sobre a transição para as energias limpas, para aposta nas energias renováveis, eficiência energética e hidrogénio renovável e outro com o Chile para estabelecer uma parceria sobre cadeias de valor em matérias-primas sustentáveis.
O executivo comunitário anunciou ainda um investimento de 45 mil milhões de euros na América Latina e Caraíbas, em 135 projetos como a expansão das telecomunicações e a reflorestação da Amazónia, reforçando a cooperação entre os blocos regionais.
Em concreto, entre exemplos de projetos está a cooperação com o governo brasileiro e o setor privado da UE para expandir as redes de telecomunicações na região amazónica e a contribuição para um fundo de apoio à Amazónia e para a iniciativa de reflorestação "Florestas Tropicais do Brasil".
A UE é o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
Em termos mundiais, a UE e a CELAC representam quase 60 países, cerca de um terço do território, 14% da população (mil milhões de pessoas) e 21% do Produto Interno Bruto.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt