Lula reúne-se com príncipe saudita que ofereceu as jóias de milhões que complicaram Jair Bolsonaro

Presentes de elevado valor estão na origem de um dos processos que tramitam na justiça brasileira contra o ex-presidente.

10 de setembro de 2023 às 18:38
Lula da Silva Foto: Andre Borges/LUSA_EPA
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O presidente brasileiro, Lula da Silva, que participou na Índia na cimeira do G20, reuniu-se este domingo em Nova Delhi, a capital indiana, com o príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman. O encontro foi um dos poucos eventos paralelos à cimeira em que Lula aceitou participar, e recebeu críticas por Bin Salman ser acusado de violar sistematicamente os direitos humanos tão defendidos publicamente pelo brasileiro e por o governante saudita ter tido uma proximidade muito grande com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao longo do seu mandato, Bolsonaro, tão avesso à diplomacia, deu grande destaque às relações com a distante Arábia Saudita, encontrou-se diversas vezes com Mohammed Bin Salman, sempre em clima de grande cordialidade, e nesse periodo de quatro anos enviados especiais do ex-governante brasileiro foram nada menos de 150 vezes ao país asiático. Até hoje não se sabe fazer o quê, pois as relações comerciais e políticas entre os dois países eram e são absolutamente ínfimas se comparadas às que o Brasil tem com outras nações a que Bolsonaro nem ligou.

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Para coroar essa inexplicável atração, Bin Salman presenteou Jair Bolsonaro e a mulher dele, Michelle Bolsonaro, em diversas ocasiões, com presentes valiosíssimos, pouco comuns na diplomacia internacional, nomeadamente vários conjuntos de relógios, anéis, colares e brincos em ouro maciço cravejados de pedras preciosas que estão na origem de um dos processos que tramitam na justiça brasileira contra o ex-presidente e o que parece com mais probalidade de o levar para a cadeia. Além de assessores de Jair Bolsonaro terem tentado entrar no Brasil com alguns desses presentes, avaliados em milhões de euros, de forma ilegal, escondidos em mochilas com roupas pessoais e sem os declarar, os que o então presidente reconheceu ter recebido e deveriam ter sido incorporados ao património histórico brasileiro, foram levados por ele também de forma ilícita para os EUA no último dia do seu mandato e vendidos naquele país, segundo a Polícia Federal para enriquecimento pessoal indevido do antigo chefe de Estado.

Apesar disso tudo, Lula já há muito queria encontrar-se com Bin Salman, só não o tendo feito antes a conselho de assessores, que avaliaram que um encontro "casual" à margem de um evento internacional acarretaria menos desgaste. No encontro deste domingo, Lula afirmou que o Brasil está de braços abertos a mais investimentos da Arábia Saudita, e exortou o príncipe a enviar delegações sauditas a vários estados brasileiros, para verem em que projectos do PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, lançado por Lula semanas atrás, poderiam encaixar-se os investimentos árabes, nomeadamente nas áreas de infraestructura e tecnologia.

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