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Bolsonaro tenta imputar a assessor desvio e venda de joias oferecidas ao Brasil por outros países

Em questão estão diversos presentes valiosos recebidos pelo ex-presidente durante o seu mandato.

19 de agosto de 2023 às 15:49

Alvo de várias denúncias de corrupção e desvio de bens públicos para enriquecimento ilícito, nomeadamente apropriando-se de presentes valiosos em ouro e diamantes oferecidos ao Brasil por governos estrangeiros e que terá mandado vender nos EUA para ficar com o dinheiro, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro está a tentar imputar ao seu ex-ajudante-de-ordens, tenente-coronel Mauro Cid, a responsabilidade por esses crimes. Numa entrevista em que usou quase sempre meias palavras e frases evasivas, Bolsonaro deu a entender que Cid tinha autonomia no cargo e que, se algo foi feito de errado, foi sem sua ordem ou seu conhecimento.

"Ele (Mauro Cid) tinha autonomia. Eu não mandei ninguém fazer nada. E eu quero clarificar isso tudo o mais depressa possível", declarou Bolsonaro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo durante viagem esta sexta-feira ao estado de Goiás, no centro-oeste do Brasil, dominado pelo agronegócio, um dos seus redutos eleitorais mais fiéis, onde foi receber uma homenagem de deputados regionais aliados.

No mesmo dia, um dos advogados de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, reforçou em outra entrevista a grande autonomia de que desfrutava no cargo Mauro Cid, preso em Brasília desde Maio por outro caso envolvendo o antigo presidente. Segundo o causídico, sem acusar Cid de nada directamente, essa grande autonomia e o poder de tomar decisões sem consultar o chefe de Estado são inerentes à função, pois é enorme o volume de assuntos e pedidos que chegam de todos os lados e o auxiliar que ocupa o cargo tem de tomar boa parte das decisões pois não pode ficar a perguntar tudo ao presidente.

Os posicionamentos de Bolsonaro e do advogado dele insinuando que o antigo governante não pode ser acusado de coisas de que nem tomou conhecimento, mas sem negar que os crimes tenham acontecido, ocorreu após o novo advogado do tenente-coronel ter dito, também em entrevista, que Mauro Cid vai confessar ter praticado as irregularidades mas acusar o antigo chefe de ser o mandante. Nessa entrevista, o advogado César Bittencourt acrescentou que Cid iria além e confessaria que Bolsonaro foi o beneficiário da venda de presentes oficiais nos EUA e que o dinheiro lhe foi entregue em espécie, para não deixar rasto.

Em questão estão diversos presentes valiosos recebidos por Jair Bolsonaro durante o seu mandato, nomeadamente colares, anéis, relógios e outros objetos em ouro maciço e cravejados de pedras preciosas oferecidos ao Brasil pela Arábia Saudita. De acordo com uma investigação da Polícia Federal brasileira, com o apoio do FBI, a polícia federal norte-americana, esses presentes oficiais, que deveriam ter sido incorporados ao património do Estado brasileiro, foram levados no avião presidencial quando Bolsonaro deixou o Brasil às pressas um dia antes do fim do seu mandato, em 2022, foram vendidos nos Estados Unidos e os valores arrecadados foram entregues naquele país ao antigo presidente em dinheiro vivo para não poderem ser rastreados.

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