Macron considera "demagogia" suspensão da venda de armas após morte de saudita

Angela Merkel confirmou a suspensão até que o assassínio do jornalista esteja completamente esclarecido.

26 de outubro de 2018 às 18:08
Emmanuel Macron Foto: Getty Imagens
Emmanuel Macron Foto: Getty Imagens
Emmanuel Macron Foto: Getty Imagens
O jornalista Jamal Khashoggi Foto: Direitos Reservados
O jornalista Jamal Khashoggi Foto: Getty Images
Jamal Khashoggi Foto: EPA
Angela Merkel Foto: EPA
Angela Merkel Foto: EPA
Emmanuel Macron e Angela Merkel em Bruxelas Foto: EPA

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou esta sexta-feira "pura demagogia" promover um embargo da venda de armas à Arábia Saudita na sequência do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi.

As declarações de Macron surgem depois de a Alemanha ter anunciado, na segunda-feira, a suspensão da venda de armas e apelado para um embargo europeu, posição que confirmou esta sexta-feira, afirmando que a suspensão se mantém até que o caso Khashoggi esteja esclarecido.

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Por outro lado, na quinta-feira, o Parlamento Europeu (PE) instou os Estados-membros a imporem um embargo de armas à Arábia Saudita, numa resolução em que pede uma investigação internacional independente e imparcial.

A venda de armas não tem "nada a ver com o senhor Khashoggi, é preciso não confundir as coisas", disse Emmanuel Macron numa conferência de imprensa em Bratislava.

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"Fico muito admirado com aqueles que, antes de saber, dizem 'não vamos vender mais!', quando talvez já vendam mais que França através das 'joint ventures' em que participam", acrescentou.

O Presidente francês questionou a existência de uma relação entre a venda de armas e o caso Khashoggi, contrapondo que compreende "a ligação com o Iémen", onde a Arábia Saudita lidera a coligação árabe que combate os rebeldes Huthi.

"Se queremos impor sanções, temos de impor em todos os domínios! Temos de suspender a venda de automóveis", afirmou.

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"Estou à espera que os factos sejam estabelecidos claramente e sobretudo [quem são] os responsáveis e os patrocinadores para retirar consequências e sanções", que devem ser "claras, coerentes", "em todos os setores", "coordenadas pela UE" e "terem uma ligação" com o assassínio de Khashoggi que França "condena com veemência".

A Arábia Saudita é um dos principais clientes de França em matéria de armamento. Além de França, outros 14 Estados-membros -- Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Itália, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia - venderam armas à Arábia Saudita em 2016, segundo um relatório de fevereiro.

A chanceler alemã, Angela Merkel, confirmou a suspensão até que o assassínio do jornalista esteja completamente esclarecido.

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"O caso Khashoggi é naturalmente algo de inacreditável, disse-o ao rei saudita na conversa telefónica que mantivemos", disse Merkel em Praga, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro checo, Andrej Babis.

"Dissemos que é preciso esclarecer os contornos deste crime horrível e até isso acontecer não vamos fornecer armas à Arábia Saudita", acrescentou.

A chanceler reiterou por outro lado a sua posição em relação ao conflito no Iémen, afirmando que "a Arábia Saudita deve fazer tudo para resolver a situação humanitária urgente" naquele país, onde "milhões de pessoas estão à beira da fome" e se assiste "a uma das maiores catástrofes humanitárias".

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