"Mãe, o meu coração está a queimar": menino de 6 anos morre após receber adrenalina intravenosa. Médica admitiu o erro
Benício teve seis paragens cardiorrespiratórias. O caso está a ser investigado pela Polícia Civil.
Benício Xavier Freitas, um menino de 6 anos, morreu após receber incorretamente uma dosagem de adrenalina intravenosa, num hospital particular de Manaus, no Brasil.
Tudo aconteceu no dia 23 de novembro. De acordo com o pai da criança, citado pelo G1, o menino foi levado para o hospital com tosse seca e suspeitas de laringite. A médica que atendeu o menino prescreveu lavagem nasal, soro, e três doses de adrenalina intravenosa, com 3ml a cada 30 minutos.
Os pais do Benício questionaram a equipa técnica sobre a dose de adrenalina ser intravenosa e não por inalação.
"Mãe, o meu coração está a queimar"
Logo após a primeira dose de adrenalina o menino ficou pálido. "Ficou branco, os pés amarelaram, o nariz ficou vermelho, os olhos também. Ele contorceu-se e disse: 'Mãe, o meu coração está a queimar'", relatou o pai ao G1.
O quadro agravou-se. A oxigenação caiu para cerca de 75% e uma segunda médica foi acionada para iniciar a monitorização cardíaca.
Pouco depois foi solicitado que a criança fosse transferida para uma UTI (Unidade de Cuidados Intensivos). O quadro clínico piorou e a equipa médica informou que seria necessária a intubação. Durante o procedimento a criança sofreu três paragens cardiorrespiratórias e vomitou sangue.
A criança continuou instável, com oscilações rápidas na oxigenação e o pai afirmou ter presenciado mais episódios. No total, Benício teve seis paragens cardiorrespiratórias e acabou por morrer.
Prescrição médica foi escondida
A prescrição para a aplicação de adrenalina intravenosa foi escondida nos bolsos do casaco de uma enfermeira com medo que a médica responsável alterasse o documento após perceber o erro na dose.
Segundo as investigações, a médica Juliana Brasil prescreveu a dose errada e a enfermeira Raiza Bentes aplicou o medicamento na veia da criança.
Até ao momento, ambas as profissionais respondem ao inquérito em liberdade e apenas a médica recebeu habeas corpus. A médica admitiu o erro num documento enviado à polícia e em conversas com o médico Enryko Queiroz.
Família pede justiça
Os pais de Benício pedem justiça. Segundo a família, a dose de adrenalina aplicada não era compatível com o quadro do menino. O caso está a ser investigado pela Polícia Civil.
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