"Mais inteligência e menos sangue": Governo brasileiro reage a megaoperação da polícia no Rio de Janeiro

Através das redes sociais, governo defende que operação que matou mais de uma centena de alegados criminosos "não adianta nada no combate ao crime".

30 de outubro de 2025 às 11:44
Governo brasileiro defendeu a necessidade de uma resposta coordenada contra o crime organizado Foto: António Lacerda/EPA
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O governo brasileiro reagiu esta quarta-feira à noite nas redes sociais à megaoperação policial no Rio de Janeiro. Num vídeo publicado nos canais oficiais, o Palácio do Planalto deixou indiretamente críticas à forma como a operação que fez mais de uma centena de mortos foi conduzida, e defendeu que é preciso "mais inteligência e menos sangue no combate ao crime organizado".

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Assumindo um tom didático, no vídeo, intitulado "Explicando a operação policial no Rio de Janeiro com inteligência", uma voz explica que "as pessoas têm medo e raiva do crime organizado, e matar criminosos, então, parece solução". Contudo, continua, "Operações como essa colocam policiais, famílias inocentes e crianças em risco".

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A operação, que envolveu membros da Polícia Civil e Militar e visava deter mais de 100 membros do Comando Vermelho (CV), tem sido alvo de duras críticas por vários quadrantes da sociedade brasileira, pelo grau de violência e mortandade que provocou. O vídeo do governo ecoa as críticas, afirmando que "matar 120 pessoas" — número retirado do balanço feito pela polícia do Rio de Janeiro; a procuradoria do Estado apontava para 132 mortes — "não adianta nada no combate ao crime. Mesmo se forem todos bandidos, amanhã tem outros 120 fazendo o trabalho”.

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O vídeo do governo defende que a solução passa por apontar "ao cérebro e ao coração" do crime organizado, dando como exemplo uma megaoperação federal que, em agosto, desmontou um esquema comandado pelo maior grupo criminoso do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que utilizava fundos de um dos maiores centros financeiros do país, em São Paulo.

"Combate ao crime, para funcionar, precisa de mais inteligência e menos sangue. Se o crime é organizado, a resposta também tem que ser", ouve-se no vídeo. 

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O governo federal sublinha a necessidade de uma resposta centralizada no combate ao crime, defendendo a necessidade de aprovar uma lei, atualmente na Câmara dos Deputados, que pretende centralizar os sistemas de segurança ao nível federal e, com isso, levar a uma resposta coordenada das autoridades de todo o país.

Antes, já Lula da Silva tinha defendido a necessidade de aprovar a lei numa publicação nas suas redes sociais, a primeira declaração oficial do Presidente brasileiro sobre os acontecimentos no Rio. "Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico, sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco", pode ler-se nas contas oficiais do chefe de Estado.

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