Marinha do Brasil reafirma lealdade às leis após denúncia de que ex-comandante aderiu a plano de golpe de Estado

Almirante Almir Garnier colocou a sua tropa à disposição do antigo presidente para uma ação armada que impedisse a tomada de posse de Lula da Silva.

23 de setembro de 2023 às 15:14
Almirante Almir Garnier e o General Paulo Sergio Foto: Adriano Machado/Reuters
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A Marinha do Brasil emitiu um comunicado onde reafirma a lealdade à Constituição e às leis do país, após denúncias terem revelado que aquela força militar esteve muito perto de participar num golpe de Estado no final do ano passado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder. No texto, o alto comando da Marinha afirma que os posicionamentos de alguns dos membros não representam aquela força como um todo.

Quinta-feira, a divulgação de um excerto do depoimento colaborativo com a justiça do ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, revelou que o então comandante-geral da Marinha, almirante Almir Garnier, colocou a sua tropa à disposição do antigo presidente para uma ação armada que impedisse a tomada de posse de Lula da Silva, vencedor das presidenciais de outubro, mantendo o derrotado Bolsonaro no cargo. Segundo Cid, no final do ano Jair Bolsonaro convocou para uma reunião extraordinária os comandantes da Marinha, Força Aérea e Exército, disse-lhes que não estava disposto a deixar o governo e pediu-lhes que o apoiassem numa ação de exceção em que ele e os militares tomariam o poder e que o almirante apoiou imediatamente o plano, só não concretizado porque o Exército, a maior força militar, não aceitou participar.

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Esta sexta-feira, e evidenciando bastante constrangimento, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, reconheceu que o Brasil quase entrou numa nova ditadura e afirmou que o almirante Almir Garnier realmente "não estava 100% ao lado da lei", mas que já passou para a reserva e os almirantes que hoje comandam aquela força militar não têm qualquer dúvida no respeito à Constituição, à Democracia e às leis vigentes. No comunicado, a Marinha adoptou o mesmo tom, reafirma ser "uma instituição nacional, permanente e regular" e não um órgão de governo, e garante agir dentro da "fiel observância da legislação, dos valores éticos e da transparência."

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