May garante que sai se Brexit for aprovado
Primeira-ministra assegura que deixará o cargo até ao verão para convencer rebeldes.
A primeira-ministra britânica Theresa May prometeu esta quarta-feira abandonar o cargo até ao verão se o Parlamento aprovar o seu acordo do Brexit, no mesmo dia em que os deputados deixaram claro que nenhuma das soluções alternativas tem maioria suficiente na Câmara dos Comuns.
"Escutei claramente a vontade do partido. Sei do vosso desejo de uma nova abordagem - e de uma nova liderança - na segunda fase das negociações do Brexit, e não serei um obstáculo. Estou pronta para deixar este cargo mais cedo do que tencionava para fazer aquilo que está certo para o país e para o partido", afirmou May numa reunião com os deputados conservadores, incluindo alguns dos seus principais críticos.
Com esta promessa, a primeira-ministra esperava convencer esses críticos e os unionistas irlandeses do DUP a aprovar o seu acordo de modo a garantir a saída do Reino Unido da União Europeia a 12 de abril.
Porém, o DUP já garantiu que não vai alterar a sua posição e o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, deu nova machadada nos planos de May ao reiterar que só permitirá uma terceira votação se o acordo incluir "mudanças significativas", o que não é o caso.
A oferta de demissão de May acabou por ofuscar a histórica sessão em que os deputados assumiram o controlo do Parlamento para votar, à revelia do governo, oito propostas alternativas para o Brexit, para ver qual delas tinha melhor aceitação na câmara, mas o resultado só veio aumentar a confusão sobre o possível desfecho do Brexit, já que nenhuma das opções conseguiu, sequer, ter mais votos a favor do que contra.
Ou seja, se a votação fosse a sério e não meramente indicativa, nenhumas das propostas alternativas, incluindo um segundo referendo, a revogação do Artigo 50 ou as variadas formas de um Brexit ‘suave’, seria aprovada pelos deputados.
PORMENORES
Críticos já admitem apoiar
Vários críticos conservadores de Theresa May, incluindo Jacob Rees-Mogg e Boris Johnson, admitiram ontem que estão dispostos a recuar e a aprovar o acordo como último recurso face à ameaça de o Parlamento tomar o controlo e forçar um segundo referendo ou, até, a revogação do Brexit.
"Só pensou no partido"
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corby, diz que a promessa da May mostra que a primeira-ministra "sempre colocou o interesse do partido à frente do interesse do público" nas negociações do Brexit.
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