Médium mais famoso do Brasil acusado de ter abusado sexualmente de mais de 200 mulheres

Em quase todos os casos, as mulheres afirmam não ter denunciado João de Deus.

10 de dezembro de 2018 às 13:59
Sexo Foto: Getty Images
Violação Foto: Ricardo Cabral
Violação Foto: Getty Images

1/3

Partilhar

O médium vivo mais famoso e até agora mais respeitado do Brasil, João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, está a ser acusado de crimes sexuais por mais de 200 mulheres. As denúncias, que foram ao ar na noite de sexta-feira no programa "Conversa com Bial", da TV Globo, com o relato de 12 supostas vítimas, ao longo do fim de semana assumiram proporções verdadeiramente assustadoras.

De acordo com o Ministério Público, até à noite deste domingo, encorajadas pelos relatos das mulheres que tiveram a coragem de fazer as primeiras denúncias, outras duas centenas de mulheres de todo o Brasil e até de outros países decidiram vir a público denunciar o médium, hoje com 76 anos. Entre as novas denúncias, há a de supostas vítimas, hoje já adultas, que garantem terem sido abusadas e até mesmo violadas sexualmente quando ainda eram crianças, uma quando tinha 11 anos e a outra quando tinha 15.

Pub

No primeiro caso, a denunciante diz que foi levada pelos avós para ser curada de um problema pelo famoso médium quando tinha 11 anos e que João de Deus pediu para ficar a sós com ela numa sala, para realizar o alegado tratamento. Segundo a denunciante, o médium violou-a ali mesmo, gritou-lhe para se calar quando ela se queixou da dor da penetração e ameaçou matar-lhe os avós se ela contasse alguma coisa sobre o crime sexual.

No caso da mulher que afirma ter sido abusada aos 15 anos, ela relata que o médium a forçou a manipular o pénis dele com a mão e depois puxou a cabeça dela para baixo e a forçou a fazer sexo oral. O relato dessa mulher é corroborado pelo de uma voluntária que trabalhava no hospital de curas espirituais que João de Deus mantém na pequena cidade de Abadiânia, no interior do estado de Goiás, e que contou que viu a então menina sair a chorar da sala onde estivera com o médium e a ajudou a limpar esperma que saía da boca da menor.

Além destas duas mulheres, mais de outras 200 contam relatos de abusos, na maior parte deles com o mesmo modus operandi. Segundo elas, o médium levava-as para uma sala particular ou uma casa de banho, postava-se por trás delas com a alegação de que precisava transmitir-lhes a energia do corpo dele, e, quando elas percebiam, ele já tinha tirado o pénis para fora das calças, esfregava-se nas nádegas delas e tentava enfiar a mão nas partes íntimas das assustadas fiéis.

Pub

Em quase todos os casos, as mulheres afirmam não terem denunciado João de Deus antes por vergonha e por medo do poder do médium, ligado a poderosos da política e da polícia e com grande poder financeiro. No hospital espiritual de Abadiânia, João de Deus, que não foi mais visto em público nem se pronunciou desde o surgimento das denúncias, recebe mais de 10 mil pessoas de todo o mundo por mês e é considerado praticamente um santo pelos que o procuram.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar