Menina de 11 anos morre à fome após ser forçada a "jejum de purificação"

Caso chocou a opinião pública pela crueldade a que a mãe e o padrasto submetiam a criança, no Brasil.

28 de outubro de 2019 às 17:46
Ilustração de comida Foto: Getty Images
Polícia brasileira Foto: Getty Images
Polícia Civil brasileira Foto: Getty Images

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O fanatismo religioso de um casal levou à morte uma menina de apenas 11 anos na cidade brasileira de Ubatuba, no litoral do estado de São Paulo, Brasil, e chocou a opinião pública pela crueldade a que a mãe e o padrasto submetiam a criança, obrigada a fazer prolongados jejuns para supostamente se purificar.A menina chegou já sem vida ao hospital, onde foi levada pelo casal, e os médicos chamaram a polícia ao identificar que a criança tinha morrido por desnutrição calórica e proteica.

Inicialmente, o casal avançou a versão de que a menina sofria de anemia crónica, andava sempre fraca, e acusaram os médicos do hospital de Ubatuba de terem provocado a morte da menor por negligência no atendimento. Mas os médicos da unidade de Saúde garantiram à polícia que a criança tinha sido deixada no hospital já sem vida e que não tinham podido fazer nada para a salvar.

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Segundo Ricardo Mamede, o inspetor da polícia de Ubatuba que comanda as investigações, essa versão foi logo depois desmentida pela mãe da vítima, uma mulher de 26 anos. Confessou aos agentes que a filha tinha morrido depois de ficar mais de dois dias sem ingerir qualquer tipo de alimento, e acrescentou que esses jejuns eram frequentes e que por isso a menina realmente andava sempre fraca.

Ainda de acordo com o inspetor, a mãe acusou o padrasto da menina, seu marido, um homem de 47 anos fanático religioso, de forçar a criança a esses jejuns como forma de purificação espiritual. Depois da farsa descoberta, o homem admitiu sem qualquer sombra de arrependimento que realmente forçava a menina a fazer repetidos e prolongados jejuns, pois argumentou aos polícias que o interrogaram, só o sacrifício purifica os seres humanos.

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Durante as investigações, a polícia também apurou que a menina era mantida em cativeiro há mais de cinco meses. Ela não podia sair de casa, ir à escola ou brincar com outras crianças, e ficava o tempo todo trancada num quarto, sentada no chão, sobre uma pequena superfície de um derivado da borracha.

No apartamento do casal, no centro de Ubatuba, uma cidade turística a 250 quilómetros de São Paulo, a polícia encontrou depois cadernos escritos pela menina em que ela relata o sofrimento que era forçada a passar. Nos relatos, ela descreve dias a fio sem receber qualquer alimento, e que ainda era obrigada a manter exercícios físicos incessantes e a fazer orações em voz alta.

O casal foi preso e incriminado por morte mediante tortura. A mãe da menina foi enviada para a cadeia feminina de Tremembé, no interior de São Paulo, e o padrasto da criança para o Centro de Detenção Provisória de Caraguatatuba, cidade vizinha de Ubatuba. 

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