Merkel aposta na permanência do Reino Unido na UE
Chanceler alemã deu uma conferência de imprensa com Cameron.
A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu esta sexta-feira a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) e mostrou-se disposta a dialogar de forma "aberta e construtiva" sobre as reformas que o primeiro-ministro britânico David Cameron pretende promover.
No decurso de uma conferência de imprensa em Berlim e após um encontro onde Cameron apresentou as propostas que fazem aprte do seu programa de governo, Merkel manifestou otimismo e sugeriu o início de uma negociação sobre os conteúdos, sem excluir uma eventual reforma dos tratados.
"Quando há vontade, encontra-se o caminho", disse a chanceler, que recordou algumas "linhas vermelhas, como o mercado único ou a liberdade de circulação.
"Não há uma solução mágica e rápida, mas se existir vontade encontra-se o caminho", reiterou Cameron, ao mostrar-se convencido que "a UE estará melhor com a inclusão do Reino Unido e os interesses do Reino Unido defendem-se melhor no interior de uma UE reformada".
Com as suas propostas de reforma para a UE, Cameron quer convencer os seus cidadãos de que o país deve continuar como Estado-membro da União, um objetivo compartilhado por Merkel.
Referendo no Reino Unido
O Governo conservador de Cameron, vencedor das legislativas de 7 maio com maioria absoluta, comprometeu-se a convocar até 2017 um referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.
A chanceler alemã recordou que a decisão será do povo britânico, mas disse que Berlim tem a "clara esperança" que o Reino Unido permaneça "uma peça central" da UE, para cujo bem-estar e crescimento económico contribuiu.
Na sua perspetiva haverá pontos de "fácil acordo" com Londres, como a redução da burocracia, e outros que exigirão negociações mais prolongadas, caso dos planos para evitar que a livre circulação se traduza em abusos das prestações sociais em alguns países.
No entanto, Merkel evitou argumentar com "questões formais", caso da alteração dos tratados europeus, e alcançar acordos em diversos conteúdos para depois avaliar se podem implicar uma alteração dos textos fundamentais comunitários.
Perante as propostas britânicas para limitar os direitos dos imigrantes comunitários, em particular o seu acesso às prestações sociais, Merkel não excluiu a possibilidade de um acordo que também agrade à Alemanha.
Os chefes dos governos de Berlim e Londres também não consideraram um problema falar de uma Europa a duas velocidades, ao sublinharem que de facto já existe, recordando como exemplo que nem todos os países integram o acordo de Schengen ou partilham a moeda única.
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