Meta proíbe publicidade política na UE devido a regras "impraticáveis" de Bruxelas
A Meta, que critica regularmente a legislação europeia, salienta os "desafios operacionais significativos" e as "incertezas jurídicas" das regras relativas à publicidade política.
A Meta anunciou esta sexta-feira que "deixará de permitir a publicidade política" no Facebook e Instagram a partir de outubro na União Europeia (UE), culpando as regras "impraticáveis" de Bruxelas.
"Esta é uma decisão difícil", declarou o presidente executivo (CEO) do grupo, Mark Zuckerberg, através de um comunicado, mencionando que a Meta "deixará de permitir a publicidade política, eleitoral e social nas suas plataformas na União Europeia, devido às exigências impraticáveis" dos regulamentos europeus de transparência sobre publicidade política.
A Meta, que critica regularmente a legislação europeia, salienta os "desafios operacionais significativos" e as "incertezas jurídicas" das regras relativas à publicidade política.
Segundo a agência AFP, adotado em 2024 e com entrada em vigor prevista para outubro deste ano, o regulamento em causa visa garantir uma maior transparência da publicidade e proteção contra a interferência estrangeira em período eleitoral, exigindo que as plataformas indiquem claramente os anúncios políticos e quem os financia.
A definição de perfis com base em dados pessoais relacionados com a origem ética, religião ou orientação sexual é proibida, tal como a utilização de dados relativos a menores.
A UE adotou estas medidas em particular na sequência do Cambridge Analytica em 2018, quando a consultora britânica recolheu, sem autorização e sem o conhecimento das pessoas, dados pessoais de milhões de utilizadores do Facebook, usados para fins de segmentação política na campanha americana de 2016 e no referendo do Brexit.
Apesar disso, a gigante da tecnologia realça que não é a primeira empresa a dizer que vai desistir da publicidade política na UE, uma vez que a Google também o fez em finais de 2024.
"A nossa decisão diz respeito apenas à União Europeia (...) continuamos a acreditar que a publicidade política 'online' é uma parte essencial da política moderna", garantiu a empresa americana.
As redes sociais Facebook e Instagram na UE contam com cerca de 261 milhões e 272 milhões de utilizadores ativos mensais, respetivamente.
Além disso, no início de julho a Meta anunciou que iria recorrer contra a multa de 200 milhões de euros imposta pela Comissão Europeia, por violação das regras que regem a utilização de dados pessoais, sendo que as redes sociais da empresa estão ainda sob escrutínio no âmbito da legislação europeia sobre os serviços digitais (DSA).
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt