Mondlane garante estar no Conselho de Estado para defender o povo moçambicano

Ex-candidato presidencial justifica ser este o caminho para preparar as próximas eleições autárquicas e gerais.

01 de setembro de 2025 às 15:44
Venâncio Mondlane Foto: LUÍSA NHANTUMBO/LUSA
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O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane disse, esta segunda-feira, que marcou presença na primeira reunião do Conselho do Estado moçambicano para defender o seu povo, justificando ser este o caminho para preparar as próximas eleições autárquicas e gerais.

"Tomei posse no Conselho de Estado porque lá quero defender o meu povo e vou defender o meu povo, vou continuar a defender o meu povo, é a única coisa que vos posso dar garantia (...). A minha única missão neste mundo é para fazer aquilo para o que fui nascido. Eu fui nascido para defender o meu povo, para lutar por aqueles que são os mais desfavorecidos", disse Venâncio Mondlane, em direto na sua conta oficial do Facebook.

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Mondlane participou, esta segunda-feira, na primeira reunião do Conselho de Estado moçambicano como o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais, conforme prevê a Constituição, referindo que tomou posse no órgão para defender "o mais fraco".

"Em todo lugar onde fui, a minha visão sempre foi defender o mais fraco. Aquele que é forte não me interessa, já é forte, não precisa de mim", referiu.

Nas suas declarações, afirmou não haver "nenhum pagamento" nem dinheiro que corrompa a sua consciência durante a presença naquele órgão, avisando que está lá também porque quer que o seu partido, Anamola, funcione dentro da legalidade.

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"Tomei posse e, vocês sabem muito bem, não é porque concordo. Nós ganhámos as eleições, mas, nesta altura, nós já formamos o nosso partido Anamola e estamos a nos preparar para as próximas eleições. Significa que, nesta altura, estamos a preparar para, em 2028, ganharmos a maior parte dos municípios e, em 2029, finalmente, ganharmos a presidência da República", disse, avisando que quer o partido a vencer as próximas eleições autárquicas e gerais.

"Isto é que nós todos estamos empenhados e se estamos empenhados nisto, então temos que correr para o nosso partido funcionar dentro da lei, dentro da Constituição, porque vamos ganhar as próximas eleições, não haja dúvidas quanto a isso", acrescentou.

O Presidente moçambicano apelidou, esta segunda-feira, após a cerimónia de posse, em Maputo, de "equipa de sonho" a nova composição do Conselho do Estado.

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Foram empossados esta manhã os históricos da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) Alberto Joaquim Chipande, Graça Machel, Eduardo Silva Nihia e Felizarda de Boaventura Paulino, "personalidades de reconhecido mérito designadas pelo Presidente da República pelo período do seu mandato".

Integram ainda o órgão, a presidente da Assembleia da República, Margarida Talapa, a primeira-ministra, Maria Benvinda Levy, a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, o Provedor de Justiça, Isac Chande, os antigos Presidentes da República Joaquim Chissano, Emílio Guebuza e Filipe Nyusi, e os antigos presidentes do parlamento Eduardo Joaquim Mulémbwè, Verónica Macamo e Esperança Bias.

Inclui igualmente, entre outros, Albino Forquilha, Ossufo Momade e Lutero Simango, respetivamente presidentes dos três maiores partidos da oposição, Podemos, Renamo e MDM, escolhidos pelo parlamento, e Venâncio Mondlane.

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A Constituição da República define que o Conselho de Estado é um "órgão político de consulta do Presidente", que o preside, e que os seus membros "gozam de regalias, imunidades e tratamento protocolar a serem fixadas por lei".

Venâncio Mondlane liderou a pior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), com protestos em que cerca de 400 pessoas perderam a vida devido a confrontos com a polícia, que resultaram ainda em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Ministério Público (MP) moçambicano acusou, em julho, Mondlane de ter apelado a uma "revolução" nos protestos pós-eleitorais, provocando "pânico" e "terror" na população, responsabilizando-o pelas mortes e por mergulhar o país no "caos".

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Os partidos moçambicanos assinaram em 05 de março um compromisso político com o Presidente de Moçambique, visando reformas estatais, posteriormente transformado em lei.

Em 23 de março, Mondlane e Chapo encontraram-se pela primeira vez e assumiram o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral, tendo voltado a reunir-se em 21 de maio com uma agenda para pacificar o país.

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