Morreu o médico chinês infetado com coronavírus
Li Wenliang comentou com os amigos o que se passava no hospital onde trabalhava. Foi detido, acusado de espalhar rumores.
Morreu Li Wenliang, médico chinês, que tentou denunciar a possível existência de um novo surto viral em Wuhan. O homem tinha sido internado depois de ter contraído a infeção.
Ao longo desta quinta-feira, já tinha sido noticiado que o profissional de saúde tinha perdido a vida. No entanto, o hospital de Wuhan desmentiu a informação inicialmente divulgada.
"Na luta contra a epidemia de pneumonia da nova infeção por coronavírus, o oftalmologista do nosso hospital, Li Wenliang, infelizmente foi infetado. Atualmente encontra-se em estado crítico e estamos a fazer o possível para o salvar", tinha afirmado o
oficial do Weibo, uma rede social chinesa semelhante ao Twitter.
O profissional de saúde já se referia, a 30 de dezembro, ao coronavírus. De acordo com a BBC, foi nesse dia que Wenliang escreveu num grupo que tem com alguns dos seus ex-colegas médicos no WeChat - rede social chinesa - que tinham dado entrada sete pacientes no hospital onde trabalha, em Wuhan. As sete pessoas deram entrada na unidade hospitalar com uma doença do tipo SARS, Síndrome Respiratória Aguda Grave, e tiveram de ficar em quarentena. O que os pacientes também tinham em comum era o facto de virem todos de um mercado de peixe e marisco.
Com o intuito de alertar os amigos, o médico oftalmologista de 34 anos pediu-lhes que tivessem cuidado e revelou ainda que, de acordo com as análises que tinha visto, o vírus das sete pessoas era um coranavírus.
Algumas horas depois de ter sido dado o alerta pelo médico, começaram a circular nas redes sociais as mensagens que o homem tinha partilhado. Wenliang acabou por ser detido em janeiro, como outros sete médicos, pela polícia de Wuhan, acusado de espalhar rumores. Foi nesta altura que o médico foi aconselhado a manter o silêncio sobre o caso.
Li Wenliang ficou internado nos cuidados intensivos num hospital, em Hubei, tendo confirmado no sábado que contraiu o vírus. O diagnóstico criou uma onda de indignação na China, com muitas críticas à censura estatal em torno da doença e à demora inicial em avisar o público.
Recorde que as autoridades chinesas deram o vírus como identificado no dia 7 de janeiro e só decretaram o isolamento total de Wuhan a 23 de janeiro.
A OMS já declarou uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional por causa do surto do novo coronavírus (2019-nCoV) que já matou mais de 400 pessoas e infetou mais de vinte mil.
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