Morreu Rose Girone, a mais velha sobrevivente do holocausto

Rose morreu num lar de idosos em Bellmore, Nova Iorque, aos 113 anos.

27 de fevereiro de 2025 às 23:53
Rose Girone, a mais velha sobrevivente do holocausto Foto: Direitos Reservados
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Rose Girone, a mais velha sobrevivente do holocausto, morreu aos 113 anos. A filha, Reha Bennicasa, também sobrevivente do holocausto, disse que a mãe morreu num lar de idosos em Bellmore, Nova Iorque, na segunda-feira.

Segundo a CNN Internacional, a informação de que se tratava da mais velha sobrevivente foi confirmada pela Conferência de Reclamações, com sede em Nova Iorque, que administra as indemnizações da Alemanha às vítimas dos nazis.

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Rose Girone, cujo nome de nascimento era Rosa Raubvogel, nasceu em 1912, no seio de uma família judia, no sudeste da Polónia - que na altura fazia parte da Rússia. Quando era ainda criança, mudou-se para Hamburgo, na Alemanha.

Em 1937, acabou por se casar com Julius Mannheim, um alemão, também ele judeu. O marido foi deportado para o campo de concentração de Buchenwald e terá sido o facto de estar grávida que a livrou de ter sido deportada também. Numa entrevista à Fundação USC Shoah, em 1996, Rose disse que um dos soldados nazis que invadiu a casa do casal queria prendê-la, mas outro dissuadiu-o dizendo: "Não, ela está grávida, deixem-na em paz".

Pouco tempo depois, deu à luz a sua filha, Reha, cujo nome teve de escolher de uma lista restrita de nomes que eram permitidos aos judeus. 

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Até 1940, era possível que alguns prisioneiros fossem libertados dos campos de concentração, sob certas condições. Foi o caso do marido de Rose, sob condição de que ele, a mulher e a filha partissem para a China, mas não sem antes entregarem todas as suas poupanças, jóias e outros objetos de valor.

Apesar de terem escapado à tortura alemã, também enfrentaram opressão na China onde, após o Japão ter ocupado os portos marítimos, os judeus foram obrigados a mudar-se para guetos, com fracas condições de higiene. Na mesma entrevista, Rose contou que ninguém podia sair do gueto, exceto com a autorização de um oficial japonês que se auto-intitulava "O Rei dos Judeus".

Depois do fim da guerra, Rose e a família mudaram-se para os Estados Unidos, onde a sobrevivente começou a trabalhar como instrutora de tricô, acabando por abrir uma loja em Queens.

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Rose divorciou-se do seu marido e, mais tarde, voltou a casar com Jack Girone.

À Fundação USC Shoah disse que "nada é tão mau que não possa resultar em algo de bom" e acrescentou que aquilo que passou tornou-a numa mulher destemida. "Eu podia fazer tudo e mais alguma coisa", afirmou. 

De acordo com a Claims Conference, existem cerca de 245 mil sobreviventes do holocausto ainda vivos, dos quais cerca de 14 mil vivem em Nova Iorque. 

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