O semanário que não se rendeu
‘Charlie Hebdo’, uma publicação que usa o humor como arma de denúncia.
O humor como forma máxima da liberdade de expressão era lema de vida de Stéphane Charbonnier, uma das vítimas do ataque de ontem em Paris. Diretor do ‘Charlie Hebdo’ desde 2009 e ameaçado de morte, Charb, como assinava as suas caricaturas, escreveu o próprio epitáfio quando disse: "Prefiro morrer de pé a viver de joelhos."
Charb era o rosto combativo e inflexível de uma publicação criada em 1969 como ‘Charlie’, encerrada em 1981 e reativada em 1992 já sob o nome de ‘Charlie Hebdo’.
O humor era arma de denúncia do semanário, como fora do seu antecessor, o ‘Hara-Kiri’, banido diversas vezes pela sua irreverência polémica.
Charb estava na lista de alvos da al-Qaeda e, desde final de 2011, tinha guarda pessoal porque, como explicou: "Tinha de escolher entre a liberdade de expressão e a de circulação. Escolhi a primeira". O semanário ficou no centro das atenções dos radicais islâmicos quando, em 2006, republicou cartoons de Maomé do dinamarquês ‘Jillands-Posten’.
Além dos radicais islâmicos, que inspiraram diversas capas, os alvos da sátira iconoclasta do ‘Charlie Hebdo’ são homossexuais, militares, Nicolás Sarkozy, François Hollande, o papa e todos quantos se tornem figuras de relevo da atualidade noticiosa.
Além de Charb, diretor e desenhador, foram mortos ontem Cabu, Tignous, Wolinski e Honoré, outros cartoonistas da publicação, e ainda o economista e acionista do semanário Bernard Maris, o corretor Moustapha Ourrad, o cronista Michel Renaud, o redator Phillipe Lançon, dois polícias , um dos quais era o guarda de Charb, e ainda um rececionista.
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