ONG alerta para dificuldades de milhares de refugiados sírios na Jordânia
152 mil refugiados sírios na Jordânia regressaram à Síria desde a queda do regime de Bashar al-Assad.
Milhares de sírios refugiados na Jordânia enfretam dificuldades no regresso ao país de origem devido ao elevado custo de vida e à falta de ajuda humanitária, alertou esta quarta-feira o Conselho Norueguês para os Refugiados.
A organização não-governamental com sede em Oslo, Noruega, disse também que os refugiados enfrentam complexos problemas burocráticos na Jordânia e na Síria.
Em comunicado, o Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR) alertou que se verifica uma diminuição significativa do número de refugiados dispostos a regressar à Síria.
A diretora do NRC na Jordânia, Amy Schmidt, disse que muitas famílias não têm meios financeiros nem informação suficiente para iniciar a viagem de regresso.
A mesma responsável destacou que 152 mil refugiados sírios na Jordânia regressaram à Síria desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024 mas avisou que o otimismo inicial está a diminuir.
Dos 40% dos cidadãos sírios refugiados na Jordânia contactados pela organização não-governamental, apenas 21% manifestaram intenção em regressar "o mais rápido possível" sendo que 37% dos inquiridos disseram que não pretendem voltar à Síria.
O documento do CNR indicou que os refugiados entrevistados disseram que as fracas condições económicas na Síria foram uma das principais razões pelas quais as pessoas decidiram adiar o regresso, juntamente com as políticas restritivas de documentação na Jordânia.
O inquérito do NRC mostrou que apenas 38% das famílias com propriedades na Síria possuíam documentação formal para comprovar as posses e os bens.
Por outro lado, apenas 35% das certidões de nascimento emitidas em Amã foram ratificadas pelas autoridades jordanas, afetando desproporcionalmente as mulheres e as crianças que ficam sujeitas à separação familiar e à exclusão prolongada de direitos e serviços por serem consideradas apátridas.
O organismo norueguês lamenta que 93% dos refugiados sírios na Jordânia não tenham autorização de trabalho e que as leis de acolhimento exigem o pagamento de taxas.
"O mundo não pode deixar os refugiados sírios perante o dilema de escolher entre uma vida na pobreza ou um regresso inseguro", alertou Schmidt.
A responsável pediu à comunidade internacional para manter o financiamento da ajuda humanitária aos refugiados sírios na Jordânia e alargar o apoio à reintegração dos cidadãos na Síria.
De acordo com as Nações Unidas, 462 mil refugiados sírios registados vivem atualmente na Jordânia, enquanto o plano regional de resposta à crise síria para 2025 dispõe de apenas 10% dos fundos necessários.
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