ONU só vai investigar o caso de Khashoggi se todos os Estados-membros o pedirem

Jornalista saudita Jamal Khashoggi, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade.

18 de outubro de 2018 às 19:07
O jornalista Jamal Khashoggi foi assassinado em Istambul Foto: Getty Images
Jamal Khashoggi Foto: EPA
O jornalista Jamal Khashoggi Foto: Direitos Reservados
O Jornalista Jamal Khashoggi Foto: Direitos Reservados

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A ONU só vai lançar uma investigação sobre o caso do jornalista saudita desaparecido Jamal Khashoggi "se todos os Estados-membros o pedirem", anunciou hoje em conferência de imprensa o porta-voz do secretário-geral António Guterres.

"Por uma questão de princípio, o secretário-geral vai ordenar uma investigação da ONU se todos os membros o pedirem", disse Stéphane Dujarric aos jornalistas na sede da ONU, em Nova Iorque.

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"O secretário-geral apelou repetidamente para que a verdade saia ao de cima, nesta situação sobre a qual está muito preocupado" e pede compreensão da parte da comunidade internacional em respeitar a investigação da Turquia, explicou o porta-voz.

Stéphane Dujarric afirmou também que a ONU está em conversações com a Turquia (país em que o desaparecimento e alegado assassínio aconteceu) e a Arábia Saudita (país de origem de Jamal Khashoggi).

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Questionado sobre se o secretário-geral mantém a confiança na independência da investigação dos dois países envolvidos, Turquia e Arábia Saudita, Stéphane Dujarric disse que se deve esperar pela investigação.

"Temos de ter uma forte procura da verdade, saber exatamente o que aconteceu e quem é responsável", vincou.

O jornalista saudita Jamal Khashoggi, que estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade, desapareceu no passado dia 02 de outubro depois de ter entrado no consulado saudita em Istambul, Turquia, para tratar de questões administrativas.

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O jornalista não foi visto desde então.

Na quarta-feira, um jornal turco pró-governamental revelou ter gravações de áudio realizadas no interior do consulado, avançando que Jamal Khashoggi, colaborador do jornal norte-americano The Washington Post, tinha sido torturado e desmembrado por agentes sauditas.

A Arábia Saudita nega qualquer envolvimento no desaparecimento do jornalista, adiantando que ele deixou a missão diplomática pelo próprio pé. No entanto, Riade não apresentou qualquer prova que sustente tal teoria.

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Nos últimos dias, vários ministros e personalidades do circuito económico-financeiro internacional cancelaram a participação num fórum económico agendado para Riade para a próxima semana, expressando a sua preocupação sobre os contornos do desaparecimento do jornalista.

A conferência em questão é organizada pelo fundo soberano saudita e pretende ser uma montra das reformas económicas impulsionadas pelo jovem príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane, o atual homem forte de Riade.

Uma das baixas do fórum internacional será o secretário de Estado do Tesouro norte-americano (equivalente ao ministro das Finanças), Steven Mnuchin, que anunciou hoje que cancelou a sua participação.

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