Papa causa fúria ao 'afirmar' que o inferno não existe
Vaticano desmentiu declarações polémicas de Sumo Pontífice a jornalista italiano.
Em plenas celebrações pascais e semana santa, o Vaticano vê-se envolto em polémicas, após o Papa Francisco ter alegadamente afirmado que o inferno não existe, em declarações ao jornal La Reppublica, publicado na quinta-feira. A sede da Igreja Católica já se prontificou a esclarecer esta questão, assegurando que as declarações do Sumo Pontífice foram interpretadas fora de contexto e que não são uma "transcrição fiel" do que este terá afirmado.
Tudo começou quando o jornalista Eugenio Scalfari, de 93 anos - fundador do jornal italiano - escreveu sobre o encontro que teve recentemente com Francisco, num texto que incluía uma secção de perguntas e respostas.
Conhecido por não tomar notas nem usar gravadores durante as suas entrevistas, Scalfari terá perguntado diretamente ao chefe da Igreja Católica para onde vão as "almas más" e onde estas são punidas. Foi a resposta a esta pergunta que esteve na origem do escândalo, onde de acordo com o transcrito, o Papa negava mesmo a existência do inferno.
"As almas más não são punidas. Aqueles que se arrependem obtém o perdão de Deus e conquistam o seu lugar entre as fileiras daqueles que o contemplam. Aqueles que não se arrependem e não podem ser perdoados desaparecem. O inferno não existe, o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras", pode ler-se nas páginas do icónico jornal italiano, alegadamente na voz do Papa Francisco.
No seguimento desta situação, a assessoria de imprensa do Vaticano veio a público deixar claro que o Papa acredita nos princípios centrais do catolicismo (onde é defendida a existência de um inferno) e que aquela declaração não era nada mais nada menos do que um "fruto da reconstrução" por parte do jornalista veterano, que já admitiu no passado ter colocado palavras na boca de Francisco. O comunicado esclarecia ainda que o líder do Vaticano não tinha concedido qualquer entrevista a Scalfari, sendo que os dois apenas se encontraram ocasionalmente numa celebração privada de Páscoa.
Numa entrevista posterior ao The New York Times, o jornalista de 93 anos admitiu não ter feito anotações, no entanto, afirma recordar-se do Papa ter dito não acreditar de facto no inferno. "Ainda assim eu também posso cometer erros", admitiu.
De recordar que o Catecismo da Igreja Católica defende a existência do inferno e da eternidade, descrito como um "fogo eterno".
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