"Parece ser muito raro" os assintomáticos transmitirem a Covid-19, diz a OMS

Maria Van Kerkhove afirmou que a transmissão da doença por pessoas assintomáticas é mais rara face às que apresentam sintomas.

09 de junho de 2020 às 10:34
coronavírus, máscaras sociais Foto: Reuters
Coronavírus x Foto: EPA
coronavírus, máscaras sociais Foto: Reuters

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Foi durante a conferência da Organização Mundial da Saúde que a responsável do departamento de doenças emergentes e zoonoses, Maria Van Kerkhove, afirmou que a transmissão da Covid-19 entre pessoas assintomáticas é mais rara face às que apresentam sintomas. "Parece ser muito raro uma pessoa assintomática transmitir o vírus", afirmou contrastanto com o que até agora tem sido dito e transmitido mundialmente pela OMS e pelos muitos cientistas que resulta na justificação do uso generalizado de máscaras de proteção.

"No que temos de nos focar é no seguimento dos casos sintomáticos", disse Van Kerkhove, contrariando o que tem vindo a ser divulgado. "Se de facto seguirmos os casos sintomáticos, os isolarmos, seguirmos os contactos e mantivermos em quarentena estes contactos, iremos reduzir drasticamente a transmissão", admitiu.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou esta segunda-feira que a pandemia da covid-19 está a piorar no mundo apesar de progressos na Europa, indicando que há quase sete milhões de pessoas infetadas.

Na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia, a partir da sede da organização, em Genebra, o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, notou que o contágio com o novo coronavírus "está a melhorar na Europa, mas globalmente está a piorar".

"Quase sete milhões de casos e quase 400 mil mortes" é o balanço global, mas em nove dos 10 dias mais recentes tem havido "mais de 100 mil novos casos", com o número diário mais alto de novas infeções - 136 mil - atingido no domingo.

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Cerca de três quartos dos novos casos concentram-se em dez países, "principalmente na América e no sul da Ásia".

Em vários países europeus, registam-se "sinais positivos" mas "a maior ameaça é a complacência", indicou Tedros Ghebreysesus, salientando que é preciso "vigilância ativa em encontros com grande número de pessoas" como as manifestações contra o racismo que se têm realizado nos Estados Unidos e outros países, incluindo Portugal, motivadas pela morte do norte-americano George Floyd às mãos da polícia da cidade de Minneapolis.

Ghebreyesus afirmou que a OMS é contra qualquer forma de racismo, mas recomendou que em qualquer manifestação se "proteste de forma segura", sempre com um metro de distância e usando máscara facial.

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No continente africano, apesar de haver menos de 100 mil casos registados da covid-19, o número de novos doentes continua a aumentar e a doença a espalhar-se a mais regiões onde ainda não existia.

O diretor executivo do programa de emergências sanitárias da organização, Michael Ryan, assinalou que ainda não se pode falar em "aceleração em massa" do contágio em África, mas para falar de "forma muito realista, pode explodir".

Ryan salientou que ainda há pouca disponibilidade de testes em África, mas os sistemas de saúde também ainda não foram assoberbados com casos de covid-19.

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Tedros Ghebreyesus reiterou que os testes serológicos que já estão a ser feitos em alguns países e que medem o nível de anticorpos que as pessoas podem ter desenvolvido por terem entrado em contacto com o vírus mostram que o nível de imunidade de grupo ainda é baixo e a maioria da população ainda é suscetível ao contágio.

"Não tirem o pé do acelerador" nas medidas de combate ao vírus, recomendou o diretor geral da OMS aos governos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 403 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

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Em Portugal, morreram 1.485 pessoas das 34.885 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados, embora com menos mortes.

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