Partido Podemos recusa ser “objeto decorativo” em Espanha
Partido de Pablo Iglesias acusa socialistas de só oferecerem pastas “simbólicas”.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez enfrenta esta terça-feira a primeira votação de investidura sem ter a garantia do apoio do Podemos. As negociações para a formação de uma coligação continuavam ontem bloqueadas, com o partido de Pablo Iglesias a recusar ser "um mero objeto decorativo" num futuro governo socialista.
Sánchez precisa de 174 votos para ser eleito na primeira votação, em que é necessária maioria absoluta. Para isso, necessita dos votos dos 42 deputados do Podemos, mas, em troca, o partido de Iglesias exige fazer parte do governo. As negociações estiveram bloqueadas durante semanas mas foram retomadas no sábado, depois de Iglesias ter dado um passo atrás e retirado o seu nome da lista de ministros propostos pelo Podemos perante o veto de Sánchez à sua inclusão no executivo.
No entanto, as negociações terminaram sem acordo, com o Podemos a acusar os socialistas de oferecerem apenas pastas simbólicas e sem o necessário peso político. Ontem, no debate de investidura, Iglesias exigiu "respeito" a Sánchez e garantiu que o Podemos "não será um mero objeto decorativo no governo".
Perante a incerteza do acordo com o Podemos, Sánchez praticamente não fez referência aos seus putativos parceiros de coligação durante o debate, com exceção de um apelo a tornar realidade a "promessa da esquerda", embora tenha acenado com um conjunto de medidas sociais e económicas do agrado do partido de Iglesias, incluindo a subida do ordenado mínimo para 1200 euros.
Ausente do debate de investidura esteve igualmente a questão da Catalunha, com Sánchez a limitar-se a falar numa "Espanha "unida e diversa", facto que mereceu fortes críticas da direita, que o acusou de "não querer incomodar os seus sócios independentistas", de cujos votos também precisa para ser eleito primeiro-ministro.
PORMENORES
Choque com Rivera
Pedro Sánchez e Albert Rivera protagonizaram o momento mais tenso do debate, após o PM ter apelado à abstenção do Cidadãos para evitar novas eleições. "Não vamos facilitar a investidura de um bando que quer liquidar o Estado e a economia de mercado", acusou Rivera, referindo-se aos separatistas catalães e ao Podemos.
Flores lembram presos
Os deputados da Esquerda Republicana de Catalunha entraram no hemiciclo com margaridas amarelas nas mãos, numa homenagem simbólica aos separatistas catalães detidos.
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