Pelo menos três mortos em ataque em Moçambique

Ataque em comunidade do posto administrativo de Nairoto aconteceu por volta das 19h00 (18h00 em Lisboa) de domingo.

30 de setembro de 2025 às 10:14
Moçambique Foto: LUISA NHANTUMBO/LUSA_EPA
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Um ataque de alegados terroristas provocou pelo menos três mortos e a destruição de várias casas na comunidade de Mirate, distrito de Montepuez, sul da província moçambicana de Cabo Delgado, disseram esta terça-feira à Lusa fontes locais.

O ataque naquela comunidade do posto administrativo de Nairoto aconteceu por volta das 19h00 (18h00 em Lisboa) de domingo, quando os insurgentes entraram a disparar na povoação, atingido mortalmente três pessoas.

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"Mataram três pessoas em Mirate durante a noite de domingo, na aldeia. Todos fugiram", disse uma fonte, já a partir da sede do distrito de Montepuez.

Os alegados terroristas queimaram também um número não especificado de casas, levando à fuga dos residentes a pé, pelas matas, até à sede do posto administrativo de Nairoto, que fica a cerca de 50 quilómetros do local do ataque.

"As pessoas fugiram porque não estavam a dar trégua. Com aquele medo as pessoas acabaram abandonando a comunidade", disse a fonte.

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O ataque em Montepuez criou igualmente receio aos utentes da estrada R692, que liga os distritos de Montepuez e Mueda, num troço de 200 quilómetros por terra batida.

"O receio de carros é maior porque Mirate fica mesmo na via que vai a Mueda", explicou outra fonte.

A província de Cabo Delgado, no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas desde então.

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No final de julho, ataques destes grupos já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, sul da província de Cabo Delgado, segundo dados oficiais anteriores.

Entretanto, a província regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe e Meluco. Mais recentemente também Mocímboa da Praia, com registo de vários mortos, levando neste caso a organização Médicos Sem Fronteiras a suspender as atividades locais, por questões de segurança.

Também no domingo à noite pelo menos quatro pessoas foram mortas e outra ficou ferida após um ataque de alegados terroristas na vila sede distrital de Macomia, Cabo Delgado.

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Segundo fontes locais, o ataque aconteceu cerca das 23h00 de domingo (22h00 em Lisboa) com as vítimas a serem surpreendidas e baleadas dentro das suas residências, no bairro Nanga, local que acolhe deslocados de outras zonas daquela província.

"Terroristas entraram e balearam mortalmente quatro pessoas e feriram uma que foi socorrida no hospital", confirmou uma fonte, a partir de Macomia.

Após o ataque, os extremistas raptaram pelo menos sete pessoas, desconhecendo-se o seu paradeiro.

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O ataque agitou o bairro Nanga e a vila de Macomia no geral, motivando o abandono de algumas pessoas das suas casas.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram entretanto o ataque a uma aldeia de Cabo Delgado, com a morte de "cristãos" e a destruição de pelo menos duas igrejas, num momento de contínua violência naquela província moçambicana.

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do Estado Islâmico (EI), refere que o ataque aconteceu na sexta-feira, numa povoação do distrito de Chiúre, durante o qual afirmam ter incendiado "duas igrejas e outras propriedades".

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Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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