Polícia moçambicana lança operação com revista de viaturas para travar raptos e tráfico
Operação "visa interpelar e revistar viaturas suspeitas em envolvimento com crimes de rapto, tráfico de seres humanos, tráfico de drogas e roubo ou furto de viaturas".
A polícia moçambicana anunciou esta quinta-feira que está em curso no país a operação "Bloqueio", para revista de carros suspeitos de envolvimento em raptos, tráfico de seres humanos e de drogas.
A operação "visa interpelar e revistar viaturas suspeitas em envolvimento com crimes de rapto, tráfico de seres humanos, tráfico de drogas e roubo ou furto de viaturas", refere o Ministério do Interior, em comunicado.
No documento, o ministério moçambicano esclarece que é "da legitimidade policial efetuar revistas" havendo "suspeita razoável e dentro dos limites da lei", referindo ainda que, através deste método já foram esclarecidos vários crimes em Moçambique.
"Com este processo, vários dos crimes supramencionados foram esclarecidos e os seus autores apresentados a outros órgãos de administração da justiça, culminando com a responsabilização dos seus autores", lê-se ainda no documento.
O ministério apelou à colaboração de todos os cidadãos durante a operação "Bloqueio", reiterando o seu compromisso e "engajamento incondicional" na garantia da lei, ordem e salvaguarda da segurança interna.
A polícia moçambicana tem também em curso uma campanha para recolha de armas de fogo ilegais até dezembro, anunciou em setembro a corporação, considerando que, em "mãos indevidas", as armas contribuem para a ocorrência de crimes violentos no país.
Na primeira fase, entre setembro e outubro, a polícia vai realizar campanhas de sensibilização, atualização de registo e entrega voluntária das armas no país e, na segunda fase, entre novembro e dezembro, será feita a recolha "coerciva e conversão a favor do Estado".
No primeiro semestre deste ano, um total de 950 quilogramas (kg) de drogas foram apreendidas e 294 pessoas detidas em Moçambique, indica um relatório divulgado em 17 de outubro, que aponta para o envolvimento de funcionários públicos em pontos de entrada.
De acordo com o documento, as substâncias foram, maioritariamente, ocultadas em veículos e embarcações, num processo em que se notam "atos de corrupção, com envolvimento de funcionários públicos em pontos de entrada" das drogas.
No país africano, também tem sido registada uma onda de raptos, cujas vítimas são maioritariamente empresários e seus familiares, havendo pelo menos 150 vítimas nos últimos 12 anos e uma centena que deixou o país por receio, segundo números divulgados em 2024 pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende ser tempo de o Governo dizer "basta".
Cerca de 300 pessoas envolvidas em casos de rapto foram detidas desde os primeiros registos destes crimes em Moçambique, em 2010, disse hoje à Lusa o porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).
A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, sobretudo na África do Sul, país vizinho, disse em abril de 2024, no parlamento, a antiga procuradora-geral da República Beatriz Buchili.
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