Polícia moçambicana no terreno para localizar português raptado em Maputo
Grupo de quatro pessoas, ainda não identificadas, que seguia numa viatura branca e sem chapa de matrícula, intercetou a vítima, de 69 anos quando esta pretendia entrar num estabelecimento comercial.
A polícia moçambicana disse esta terça-feira que foram "despachadas equipas multissetoriais" na cidade de Maputo e arredores para localizar o luso-moçambicano raptado durante a manhã na capital de Moçambique.
"Imediatamente foram despachadas equipas multissetoriais, equipas essas que se encontram desdobradas ao nível das artérias da nossa cidade e não só, visando o esclarecimento do caso (...) que vai passar necessariamente [pela] neutralização dos autores deste rapto, mas também na localização da vítima", disse Daniel Macuácua, chefe do departamento de relações públicas da Polícia da República de Moçambique (PRM), na cidade de Maputo.
O caso ocorreu por volta das 06h15 (menos uma hora em Lisboa), ao longo da avenida Zedequias Manganhela, na baixa da cidade de Maputo.
Um grupo de quatro pessoas, ainda não identificadas, que seguia numa viatura branca e sem chapa de matrícula, intercetou a vítima, de 69 anos, "quando acabava de estacionar a sua viatura" para entrar no estabelecimento comercial, avançou a polícia.
Um vídeo que circula nas redes sociais, captado por câmaras de videovigilância no local, mostram a vítima a estacionar o carro e a abrir a porta do estabelecimento, quando aparecem três homens na sua direção. O luso-moçambicano tenta fugir, mas tropeça e cai e de seguida é carregado à força até uma viatura que estava nas proximidades.
As imagens mostram também dois homens que tentam travar o rapto, mas os alegados raptores disparam em reação.
"Constamos que, mesmo no local, estes indivíduos com arma de fogo que portavam teriam efetuado quatro tiros no sentido de amedrontar e ameaçar aos indivíduos que se encontravam nas proximidades quando pretendiam socorrer a vítima", disse Daniel Macuácua.
Este é o primeiro caso de rapto conhecido publicamente no país desde junho.
Um cidadão de nacionalidade libanesa, proprietário de uma farmácia, foi raptado em 21 de junho, no centro de Maputo, disse à Lusa na altura Daniel Macuácua.
Em fevereiro, um luso-moçambicano foi raptado por um grupo de quatro pessoas armadas na Polana Caniço, também em Maputo.
As autoridades policiais moçambicanas anunciaram, em 12 de junho, que o número de raptos em Maputo caiu para metade nos primeiros cinco meses do ano, com quatro casos, contra oito em igual período de 2024.
A polícia moçambicana registou, até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.
Desde 2011, uma onda de raptos afeta Moçambique e as vítimas são, sobretudo, empresários e seus familiares, principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.
Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em julho do ano passado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende ser tempo de o Governo dizer "basta".
A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, sobretudo na África do Sul, disse em abril de 2024, no parlamento, a antiga Procuradora-Geral da República Beatriz Buchili.
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