Presidente do Banco Central Europeu considera "muito improvável" subida das taxas de juro em 2022

Mensagem transmitida por Christine Lagarde contrasta com aquilo que tem vindo a ser incorporado pelos mercados financeiros.

03 de novembro de 2021 às 11:09
Christine Lagarde, BCE
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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, considerou esta quarta-feira, na sessão solene do 175.º aniversário do Banco de Portugal, em Lisboa, "muito improvável" que estejam reunidas as condições para subir as taxas de juro em 2022.

A mensagem transmitida por Christine Lagarde contrasta com aquilo que tem vindo a ser incorporado pelos mercados financeiros, que antecipam uma primeira subida da taxa de juro daqui a menos de um ano.

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Falando acerca das três condições que "precisam de ser satisfeitas antes de as taxas começarem a subir", Christine Lagarde considerou que no próximo ano ainda não estarão reunidas as condições para essa subida.

"Apesar da atual subida da inflação, as perspetivas para a inflação no médio prazo permanecem moderadas, e portanto é muito improvável que essas três condições sejam satisfeitas no próximo ano", disse esta quarta-feira na sessão que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

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Falando acerca do programa de emergência de compra de ativos adotado para fazer face à pandemia de covid-19 (PEPP), Christine Lagarde afirmou que "por agora" o BCE continuará a usá-lo "para salvaguardar as condições de financiamento favoráveis e assegurar que os custos do crédito para todos os setores da economia não apertam indevidamente".

"Um aperto indevido das condições de financiamento não é desejável numa altura em que o poder de compra já está a ser comprimido por maiores contas na energia e nos combustíveis, e representaria um vento contrário sem garantia para a recuperação", afirmou Christine Lagarde.

A presidente da instituição sediada em Frankfurt acrescentou ainda que as medidas de calibração do ritmo de compra de ativos "num mundo pós-pandémico" serão anunciadas em dezembro pelo BCE.

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"Mesmo depois do esperado fim da emergência pandémica, será importante que a política monetária -- incluindo a calibração apropriada da compra de ativos -- apoie a recuperação e o regresso sustentado da inflação para o nosso objetivo de 2%", vincou.

Antes de Lagarde, falou Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, que sublinhou que a zona euro não pode "hesitar" no caminho no sentido da garantia europeia dos depósitos – a terceira e última "perna" da União Bancária, que continua por concluir e que levaria a que os depósitos bancários fossem garantidos não por um sistema nacional de garantia mas, sim, uma plataforma à escala da zona euro.

As declarações foram feitas durante a sessão solene comemorativa do 175º Aniversário do Banco de Portugal, cujo anfitrião é o governador Mário Centeno e que conta com intervenções da Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do Primeiro-Ministro, António Costa. 

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