Presidente guineense nomeia empresário Braima Camará como primeiro-ministro
Empresário vai substituir Rui Duarte de Barros.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, nomeou hoje o empresário Braima Camará para o cargo de primeiro-ministro, em substituição de Rui Duarte de Barros, segundo um decreto presidencial.
Braima Camará, de 57 anos, é um empresário, dono de um hotel em Bissau, e ainda operador ligado ao setor da exportação da castanha do caju, principal produto agrícola do país.
Antigo candidato à liderança do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), de onde seria expulso em 2016, Braima Camará, e outros dirigentes, entre os quais o atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, fundou o Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) em 2018.
Camará concorreu ao cargo de primeiro-ministro por duas vezes pelo do Madem G-15 e sempre afirmou que nunca seria líder do Governo se não fosse através de eleições democráticas.
Até recentemente, o empresário estava de costas voltadas com Sissoco Embaló, a quem acusou, entre outros, de ser ditador e ainda de continuar na presidência da Guiné-Bissau para além do prazo previsto na Constituição, após cinco anos de mandato.
Em meados do mês de junho passado e após cerca de dois anos de críticas mútuas, Braima Camará anunciou estar em curso um processo de reconciliação interna no Madem G-15, cuja liderança foi dada à veterana Satu Camará, entretanto eleita coordenadora do partido, no congresso.
O empresário sempre contestou este processo e acusou o Presidente da República de ser o mentor da cisão no partido que ambos fundaram.
Camará sempre reivindicou ser o único e legítimo líder do Madem G-15.
Em meados do passado mês de julho, Braima Camará e Umaro Sissoco Embaló apareceram num vídeo num hotel em Lisboa, confirmando que a reconciliação entre os dois líderes políticos estava consumada.
No final da semana passada, Camará regressou ao país, vindo de Portugal, tendo, no aeroporto internacional de Bissau, admitido que estava disponível para liderar o Governo e que voltou a responder à convocação do Presidente da República.
Na altura, Camará adiantou que Umaro Sissoco Embaló estava a consultar vários líderes políticos do país "para a busca de uma solução consensual de governação".
O empresário vai substituir no cargo Rui de Barros, nomeado em 20 de dezembro de 2023 para liderar um Governo de iniciativa presidencial, depois da dissolução do parlamento por Sissoco Embaló, meio ano depois das legislativas, ganhas pela coligação PAI-Terra Ranka.
As presidenciais têm estado envoltas em polémica com a oposição a defender que já deviam ter sido marcadas antes de 27 de Fevereiro, data em que Sissoco Embaló completou cinco anos à frente da Presidência da Guiné-Bissau.
O Presidente alega que o mandato só termina em 04 de Setembro, data em que, em 2020, o Supremo Tribunal se pronunciou sobre o litígio em torno dos resultados das presidenciais de 2019, desencadeado pelo adversário Domingos Simões Pereira.
Simões Pereira, líder do PAIGC e da PAI-Terra Ranka, foi deposto de presidente da Assembleia Nacional Popular e substituído na comissão permanente por Satu Camará.
O líder do PAIGC encontra-se fora do país e tem reclamado que Sissoco Embaló deixou de ser Presidente da República em 27 de Fevereiro e que deve ser o presidente da Assembleia, o próprio Simões Pereira, a substituí-lo no cargo até à realização de eleições.
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