Primeira múmia grávida do mundo pode ter morrido de cancro
Descoberta no início do século XIX na antiga cidade egípcia Tebas, foi submetida a testes como parte de um estudo.
Uma mulher egípcia, que se crê ser o primeiro caso conhecido de uma múmia grávida embalsamada, pode ter morrido de cancro, revelaram os cientistas. A múmia, descoberta no início do século XIX na antiga cidade egípcia Tebas - capital no Império Novo egípcio com o nome Luxor - e doada à Universidade de Varsóvia, na Polónia, em 1826, foi submetida a testes como parte de um estudo chamado "Projeto Múmia".
Após a reconstrução do crânio da múmia em 3D, os cientistas conseguiram observar um buraco de 7 milímetros atrás da órbita do olho esquerdo. Os resultados da análise aos dados do exame mostraram ainda alterações nos ossos craniofaciais, "correspondendo a uma atividade semelhante à observada como atividade de cancro nasofaríngeo (NPC)", que tem origem numa área do nariz e da garganta, salientaram os cientistas, citados pelo The Independent
De acordo com Marzena Ozarek-Szilke, arqueóloga e antropóloga da Universidade de Medicina de Varsóvia e co-diretora do "Projeto Múmia", esta situação invulgar sugere que o tumor ou lesão tenha crescido ali e forçado o osso circundante a afastar-se do resto da cavidade.
"O cancro pode ter sido a causa direta da sua morte, mas é difícil dizer com certeza" referiu Ozarek-Szilke, acrescentando ser também possível que a gravidez tenha desempenhado um papel na morte da mulher.
Segundo os investigadores, é raro descobrir como as pessoas mumificadas morrem, daí ser um passo importante. No entanto, salientam ainda ainda haver muito para perceber sobre a múmia, tal como a razão pela qual foi encontrada no caixão errado e quem ela era.
Após a abertura do sarcófago pela primeira vez, os investigadores polacos ficaram surpreendidos ao encontrar uma mulher mumificada no caixão de outra pessoa e começaram a investigar os restos mortais. Em abril de 2021, foi divulgado um estudo que sugeria que as tomografias da múmia tinham revelado os restos de um feto dentro do seu ventre, fazendo dela a primeira múmia grávida conhecida no mundo. A equipa referiu que a mulher tinha morrido por volta da 28ª semana de gravidez.
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