Puigdemont admite “solução alternativa” para a Catalunha

Ex-líder do governo catalão diz que “é possível uma solução diferente da independência”.

14 de novembro de 2017 às 08:42
Carles Puigdemont garante que sempre defendeu um acordo com Espanha sobre o futuro da Catalunha Foto: Reuters
Puigdemont, presidente deposto da Catalunha Foto: Reuters
Carles Puigdemont Foto: Reuters

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O ex-presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, admitiu ontem "uma solução alternativa à independência" e disse que "sempre defendeu um acordo com Espanha", em mais uma reviravolta na postura que defendeu publicamente nos últimos meses.

"Estou e sempre estive disposto a aceitar a realidade de outra relação com Espanha", afirmou Puigdemont em entrevista ao jornal belga ‘Le Soir’. Questionado sobre se é possível "uma solução diferente da independência", respondeu sem rodeios: "É sempre possível. Trabalhei durante 30 anos para conseguir um novo ‘encaixe’ da Catalunha em Espanha", afirmou.

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O jornalista insistiu e quis saber se Puigdemont se revia no velho mote da ‘independência ou morte’. "Nunca. Continuo a defender um acordo com Espanha", frisou, antes de acusar o governo do antigo primeiro-ministro popular José María Aznar de estar na origem da atual crise separatista devido à anulação pelo Tribunal Constitucional, em 2010, de vários artigos do Estatuto de Autonomia da Catalunha aprovados pelos parlamentos catalão e espanhol.

"Sabe quantos deputados independentistas havia na altura no Parlamento da Catalunha? Catorze num total de 135. Agora são 72. O responsável pelo crescimento do independentismo foi, em primeiro lugar, o Partido Popular", acusou o líder destituído do governo catalão.

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Sobre a sua fuga para Bruxelas, Puigdemont explicou que, se tivesse ficado e promovido uma resistência institucional, "isso poderia ter desembocado em violência por parte do Estado espanhol". "Não queria arriscar ser o motivo ou a desculpa para que o Estado recorresse à violência", afirmou.

Já sobre o mandado europeu de detenção de que é alvo, voltou a criticar a "absoluta falta de independência judicial" em Espanha e reiterou que arrisca ser condenado a uma pena de 30 anos de cadeia "por cumprir um programa eleitoral que nunca escondi".

PORMENORES 

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Falta de preparação

O porta-voz da Esquerda Republicana da Catalunha, Sergi Sabrià, admitiu ontem, em jeito de autocrítica, que o governo catalão "não estava preparado para desenvolver a República".

‘Juntos pela Catalunha’

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O partido PDeCat, de Carles Puigdemont, registou ontem a coligação ‘Juntos Pela Catalunha’, pela qual o ex-presidente do governo catalão pretende concorrer às eleições autonómicas de 21 de dezembro.

Ingerência estrangeira

A ministra espanhola da Defesa, María Dolores de Cospedal, confirmou que grupos russos e venezuelanos levaram a cabo campanhas de propaganda e desinformação nas redes sociais para promover a independência da Catalunha como forma de "desestabilizar" Espanha e a União Europeia.

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