Reforço militar em estado brasileiro não trava mortes
Greve da polícia causa anarquia nas ruas. Grupos criminosos espalham terror entre a população.
Quase uma semana após o início da greve da Polícia Militar, o estado brasileiro do Espírito Santo viveu ontem mais um dia de saques, assaltos e execuções nas ruas, fazendo subir para 106 o número de vítimas da onda de violência que tomou conta das principais cidades da região.
Muitas das vítimas são criminosos, executados por rivais que aproveitaram a ausência de polícia nas ruas, mas há um número elevado de vítimas inocentes. Como um deficiente que foi linchado por populares em Cariacica ao ser confundido com um ladrão, comerciantes e motoristas mortos por assaltantes, pessoas atingidas por balas perdidas durante tiroteios entre criminosos e outras executadas por homens que aparecem do nada de carro a disparar contra quem está nas ruas.
Em Vitória, a capital do estado e onde a situação é mais grave, ontem não houve transportes públicos, escolas ou comércio e vários hospitais foram obrigados a fechar por medo ou falta de funcionários. Quase nada funciona na cidade, falta comida e combustível e a maior parte da população está trancada em casa com medo.
Após novo apelo do governo estadual, o Ministério da Defesa anunciou o envio de mais militares das Forças Armadas, que a partir de hoje têm em Vitória e noutras cidades um total de 1900 homens, claramente insuficientes, ainda mais porque estão divididos em dois turnos horários. Guarapari, por exemplo, cidade turística com mais de 100 mil habitantes, recebeu até agora apenas 30 soldados.
Apesar da presença de blindados militares em alguns pontos de Vitória, o que fez diminuir ligeiramente a violência, ontem ainda foi possível ver nas ruas saqueadores a carregar móveis, eletrodomésticos e outros produtos roubados de lojas arrombadas. Três dos poucos agentes da polícia que não fizeram greve e tiveram a coragem de ir para as ruas foram feridos a tiro por desconhecidos e a sede da TV Gazeta foi atingida por disparos.
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