Repressão brutal a protesto em São Paulo fere cem

<p align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt">A brutal repressão policial ao novo protesto contra o aumento nas passagens dos transportes realizado no final da tarde desta quinta-feira por estudantes no centro da cidade brasileira de São Paulo deixou pelo menos cem pessoas feridas, várias delas jornalistas e outras que nem participavam na manifestação, e outras 241 foram detidas. <p align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt"> 

14 de junho de 2013 às 15:26
brasil, são paulo, confrontos, estudantes, polícia Foto: Sebastião Moreira/EFE
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A polícia deslocou para a área da manifestação um impressionante contingente de homens, reforçados pela cavalaria, carros blindados e helicópteros e usou de extrema violência até contra cidadãos que passavam sem terem nada a ver com o protesto.

A atuação da polícia foi tão violenta que até a Amnistia Internacional emitiu um comunicado criticando o uso de tanta agressividade por parte das forças de segurança.

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Desta feita, a polícia de São Paulo, incentivada por declarações de apoio do governador do estado, Geraldo Alckmin, tantas vezes acusado na imprensa de não ter pulso para enfrentar o crime organizado, usou até tanques blindados e a cavalaria para atacar e dispersar os manifestantes, que protestavam de forma pacífica e organizada até à primeira carga policial.

Mesmo antes do início da concentração dos estudantes, marcada para as 17h00 locais na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, a polícia já se mostrava truculenta. As ruas em redor foram tomadas por um grande efetivo policial e pessoas que se dirigiam para o local eram revistadas, tendo cerca de 50 sido detidas por alegada suspeita de irem cometer danos ao património.

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(Clique na fotografia em cima e veja FOTOGALERIA dos violentos confrontos) 

DISPERSÃO À BALA

A manifestação, que reuniu cerca de 5000 jovens, segundo a polícia, ou o triplo, segundo os organizadores, seguiu para a Praça da República e pela Avenida Ipiranga até chegar à Praça Roosevelt, início da Rua da Consolação, por onde os manifestantes pretendiam chegar à Avenida Paulista.

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Foi aí, na Praça Roosevelt, que a polícia decidiu acabar com a manifestação, carregando contra a multidão disparando sem cessar uma chuva de balas de borracha e dezenas de bombas de efeito moral, de gás lacrimogéneo e de pimenta.

A partir daí, o centro da cidade transformou-se numa praça de guerra.

Fugindo da polícia, os manifestantes correram por várias ruas, sendo perseguidos por viaturas em alta velocidade e alvejados contínuamente com mais bombas e nova chuva de balas de borracha, disparadas quase sempre na direção do rosto, onde podem ferir gravemente.

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A truculência policial não poupou nem pessoas que não tinham nada a ver com o protesto e se tentavam proteger em portas de edifícios e até na Igreja da Consolação, onde uma senhora de 66 anos foi agredida por polícias.

TANQUES NA PAULISTA

Para evitarem que os manifestantes fechassem a Avenida Paulista, como nos dias anteriores, a polícia, estranhamente, interditou e esvaziou ela mesmo a importante artéria bloqueando os seus acessos com tanques blindados e centenas de homens de forças especiais armados até aos dentes.

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Ao longo de várias horas, pequenos grupos que iam conseguindo chegar à Paulista foram perseguidos pela polícia, que concentrou mais de 900 homens de forças de choque e outros batalhões operacionais. Já perto das 23h00 locais, 03h00 em Lisboa, até um pequeno grupo de cerca de 40 pessoas que não tinham participado nos protestos e se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo, MASP, pedindo o fim da violência de ambas as partes foi dispersado à base de cassetete e balas de borracha.

JORNALISTAS ATACADOS

Mais uma vez, e como já tinha acontecido nos protestos anteriores, os jornalistas não escaparam da brutalidade policial, que tinham denunciado nos seus veículos de comunicação.

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Só o jornal 'Folha de S. Paulo' teve sete repórteres feridos, tendo sido feridos igualmente jornalistas de outros órgãos, como do jornal 'Estado de S. Paulo', da revista 'Carta Capital' e da agência 'Futura Press'.

Sérgio Silva, repórter fotográfico da 'Futura Press', atingido por uma bala de borracha num dos olhos, está internado e corre o risco de ficar cego.

Tal como na maior parte dos casos envolvendo jornalistas, a polícia atirou na direcção dos olhos, o que fez o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grela, mandar instaurar uma investigação.

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Outro repórter fotográfico, Felipe Araújo, do 'Estado de S. Paulo', conta que foi atropelado de propósito por uma viatura policial, apesar de se ter identificado e que, já no chão, ferido, ainda foi ameaçado por polícias que sairam da viatura aos gritos exigindo que ele se levantasse.

“Os carros da polícia desceram a rua atropelando tudo. Eu mostrei a minha cãmara para me identificar, mas eles atropelaram-me assim mesmo e caí à beira da calçada. Aí, os polícias desceram do carro e gritaram “levanta!, levanta!”, indiferentes ao facto de eu ter acabado de ser atropelado", contou Felipe

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