Rio de Janeiro fecha hospitais de campanha para Covid-19 mas tribunal manda reabri-los

Juíza do Tribunal de Justiça do Rio determinou ao governo a reabertura imediata das duas unidades de saúde e a garantia de tratamento adequado para os doentes.

Coronavírus no Brasil Foto: Reuters
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Numa nova enorme confusão envolvendo a área da saúde no estado brasileiro do Rio de Janeiro e que coloca em risco a vida de doentes com Covid-19, o governo estadual decidiu fechar às pressas, sem qualquer aviso prévio, os dois únicos hospitais de campanha criados especificamente contra a doença, dos sete que tinham sido prometidos para ficarem prontos em Abril, cinco dos quais nunca foram inaugurados. Mas na noite desta sexta-feira, uma juíza do Tribunal de Justiça do Rio, Aline Maria Gomes Massoni da Costa, determinou ao governo a reabertura imediata das duas unidades de saúde e a garantia de tratamento adequado para os doentes.

A decisão de encerrar os hospitais de campanha do Maracanã, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e de São Gonçalo, cidade na área metropolitana, apanhou toda a gente de surpresa esta sexta, até médicos, enfermeiros e outros profissionais, que ao chegarem para trabalhar nessas duas unidades foram informados de que elas seriam fechadas ainda nesse dia. Doentes, inclusive em estado grave, começaram a ser transferidos para outros hospitais estaduais, sem aviso nem às próprias famílias.

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Aparentemente, a decisão do governo comandado pelo governador Wilson Witzel, suspeito de irregularidades e que enfrenta na Assembleia Legislativa regional um processo de impeachment, ficou a dever-se ao facto de o contrato com a organização social que gere os dois hospitais terminar este sábado. Sem dinheiro, com várias acusações de desvios e de concursos fraudulentos para aquisição de equipamentos de combate ao coronavírus, o governo tomou a drástica medida em cima da hora, sem qualquer planeamento, e os doentes começaram a ser levados para outros hospitais.

Mas a decisão da magistrada impediu a concretização do encerramento dos dois hospitais, pelo menos até que eventualmente essa medida seja derrubada numa instância superior da justiça fluminense. Para a juíza, se houve falta de planeamento e de organização na construção dos dois hospitais, não é por isso que eles devem ser simplesmente fechados, com grave prejuízo para os cofres públicos e para os doentes internados e os que podem ainda necessitar de atendimento.

Por isso, a magistrada determinou que tanto o hospital de campanha do Maracanã quanto o de São Gonçalo permaneçam em funcionamento, que as transferências de doentes sejam interrompidas e que as unidades continuem a receber novos infetados com Covid-19. À hora a que a decisão judicial foi conhecida, 26 doentes internados no Hospital do Maracanã já tinham sido transferidos, 16 deles em estado grave, e oito tinham sido removidos do Hospital de São Gonçalo, sete deles graves.

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Até este sábado, o Rio de Janeiro, segundo estado mais atingido pela pandemia de coronavírus no Brasil, já tinha confirmado 139 mil infetados pela doença, e 11,9 mil mortes por Covid-19. A curva da pandemia no estado está em clara desaceleração, tanto no número diário de infetados quanto de mortes, mas há um receio de especialistas de que a flexibilização da quarentena e das medidas de isolamento que estão a acontecer a toque de caixa, consideradas precoces e precipitadas por médicos, possa voltar a aumentar os números da pandemia, sendo por isso arriscado desativar neste momento as duas unidades de saúde.

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