São Paulo decreta megaferiado de seis dias para combater o coronavírus e evitar o colapso de hospitais

Feriados consecutivos, antecipados de outras datas, começam já esta quarta-feira e vão até à próxima segunda, com o apoio do governo do estado.

Desinfeção nas ruas de São Paulo Foto: Getty Images
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A cidade brasileira de São Paulo, a mais populosa do país e a mais atingida pela pandemia, que já provocou 3000 mortes só na sua área urbana, decretou um megaferiado de seis dias para tentar reduzir o ritmo de propagação do coronavírus e evitar o colapso total da sua rede hospitalar. Os feriados consecutivos, antecipados de outras datas, começam já esta quarta-feira e vão até à próxima segunda, com o apoio do governo do estado.

Com a aprovação relâmpago pela Câmara Municipal na noite desta segunda-feira, a edilidade antecipou para esta quarta o feriado de Corpus Christi, que seria comemorado dia 11 de Junho, e para quinta-feira o feriado do Dia da Consciência Negra, que se comemora em 20 de Novembro. Esses feriados são municipais, por isso a edilidade conseguiu alterá-los sem dificuldade.

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Para sexta-feira, o autarca de São Paulo, Bruno Covas, decretou ponto facultativo, ou seja, não é feriado mas as pessoas não são obrigadas a ir trabalhar. Para completar os seis dias, incluindo-se aí o sábado e o domingo, o governo do estado de São Paulo vai antecipar para a próxima segunda-feira, 25, o feriado estadual evocativo da Revolução Constitucionalista, que se comemora habitualmente em 9 de Julho.

As medidas dos governos municipal e estadual tentam reduzir a circulação de pessoas na maior cidade brasileira, onde todas as medidas de distanciamento social decretadas até aqui não têm surtido o efeito desejado. Especialistas avaliam que, para se conter o ritmo de propagação do coronavírus seria necessário um isolamento de ao menos 70% dos habitantes, mas São Paulo fica nos dias de semana em no máximo 48%.

Aos fins de semana e feriados, esse índice tem chegado a 56%, em alguns até 59%, por isso as autoridades decidiram decretar os feriados, tentando que se chegue ao menos aos níveis registados aos domingos. Isso para tentar evitar a decretação da medida mais dura, o chamado "lockdown", ou seja, a decretação do isolamento total da cidade.

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O índice de ocupação das camas destinadas a doentes em estado grave nos hospitais públicos da cidade de São Paulo está em média em 91%, mas pelo menos seis hospitais públicos da capital paulista já fecharam as portas, não atendendo mais ninguém a não ser os pacientes já internados, por não terem mais pessoal de saúde e equipamentos para receber mais pessoas. A coronavírus está neste momento em todo o Brasil, particularmente em São Paulo, numa curva ascendente quase descontrolada, e se o ritmo de contaminação não for reduzido pelo isolamento social, as autoridades estimam que em menos de 15 dias todo o sistema de saúde esteja em colapso absoluto.

O Brasil tornou-se esta segunda-feira o terceiro país do mundo com mais casos de coronavírus, ultrapassando os 254 mil infectados, ficando atrás apenas dos EUA e da Rússia. As mortes pela doença já superam as 17 mil, a maioria concentradas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Pará.

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